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Análise Semanal do Mercado de Soja – 13/Mai/2013

Comentários referentes ao período entre 03/05/2013 a 09/05/2013

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Emerson Juliano Lucca²

As cotações da soja reagiram durante esta semana, particularmente no dia 09/05, na esteira da expectativa do novo relatório de oferta e demanda do USDA, previsto para esta sexta-feira (10/05). Com isso, o fechamento desta quinta-feira (09) ficou em US$ 14,91/bushel, após US$ 14,79 na véspera e US$ 14,55 uma semana antes. O farelo, por exemplo, foi a US$ 440,10/tonelada curta, valor que não era visto desde meados de dezembro do ano passado. Todavia, é bom lembrar que tais cotações refletem o mês de maio em Chicago, o qual estará saindo do quadro de cotações no próximo dia 15/05, fato que explica muito tal movimento.

A expectativa do mercado para os números do relatório são de 3,37 milhões de toneladas para os estoques finais nos EUA, para a safra 2012/13 e 6,5 milhões de toneladas para os estoques finais do ano 2013/14. Para o milho, a safra velha ficaria em 19,1 milhões de toneladas e a safra nova em 50,1 milhões. Já para o trigo, os estoques finais do ano 2012/13 se manteriam em 19,9 milhões de toneladas e para a safra nova chegariam a 17,1 milhões de toneladas. Na próxima semana estaremos comentando com detalhes os números deste relatório do dia 10/05.

Paralelamente, as exportações líquidas dos EUA, em soja, na semana encerrada em 25/04, atingiram a 109.800 toneladas negativas devido ao cancelamento de compras chinesas em volume de 276.300 toneladas. Para o ano de 2013/14 as vendas chegaram a 1,34 milhão de toneladas, sendo o principal comprador a China com 1,15 milhão de toneladas. Já os embarques na semana encerrada em 02/05 registraram 174.800 toneladas para o atual ano comercial, acumulando um total de 34,09 milhões de toneladas, contra 30,01 milhões no ano anterior na mesma época.

Por sua vez, o plantio nos EUA, até o dia 05/05, alcançava 2% da área esperada em soja, contra 12% na média histórica, também se mostrando atrasado. No milho, o plantio atingia a 12%, contra 47% na média histórica, fato que continua alimentando a possibilidade de que os produtores estadunidenses transfiram área de milho para a soja, caso o clima não venha, também, a prejudicar o plantio da oleaginosa. Nesse sentido, parte do mercado alerta que os produtores dos EUA têm incentivos para semear o milho, fato que pode frear a transferência de área para a soja.

No curto prazo, o mercado externo permanece elevado porque continua a pressão pela escassa soja existente nos EUA, enquanto os problemas logísticos permanecem no Brasil (mesmo com os portos operando agora em 24 horas por decisão do governo). Para os contratos futuros, a expectativa de safra cheia nos EUA mantém as cotações em baixa. A diferença entre o mês de maio e o de novembro, em Chicago, ficou em US$ 2,65/bushel para menos no dia 08/05, com novembro fechando em US$ 12,14/bushel.

Para contrabalançar o movimento de curto prazo nos EUA, note-se que a safra brasileira está praticamente toda colhida, com uma produção final ao redor de 82 a 83 milhões de toneladas, enquanto na Argentina a mesma já atingia a 66% da área no dia 02/05. Para analistas privados a safra do vizinho país pode ser ainda maior do que os números oficiais têm indicado, atingindo a 53 milhões de toneladas. Ora, em isso ocorrendo haverá ainda mais soja disponível no cenário mundial, caso a nova safra dos EUA não sofra frustração.

Enquanto isso, os portos brasileiros continuam com prêmios negativos, menos em Rio Grande onde a situação melhorou, inclusive. Nesse porto gaúcho os prêmios oscilaram positivamente entre 20 e 25 centavos de dólar por bushel, para maio. Já nos demais portos brasileiros, os prêmios foram negativos entre 60 e 38 centavos de dólar. Quanto ao Golfo do Mexido (EUA) a semana fechou com prêmio positivo entre 60 e 78 centavos e, em Rosário (Argentina), entre 15 e 35 centavos de dólar por bushel positivo igualmente.

Dito isso, no mercado brasileiro, diante de um câmbio que permaneceu ao redor de R$ 2,00 por dólar, os preços da soja aos produtores pouco mudaram. A média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 53,54/saco, enquanto os lotes ficaram entre R$ 57,50 e R$ 58,00/saco na compra. Nas demais praças nacionais, os lotes na compra oscilaram entre R$ 47,00/saco em Sapezal (MT) e R$ 55,00/saco no interior do Paraná. Já na BM&F/Bovespa o contrato julho ficou em US$ 30,02/saco e o de novembro em US$ 26,79/saco.

Vale destacar que em Goiás, em termos nominais, houve indicação de preço para fevereiro/14 em US$ 21,50/saco, o que equivale a R$ 43,00/saco ao câmbio de hoje, contra um disponível atualmente que paga entre R$ 49,50 e R$ 51,50/saco nos lotes.

Enfim, a colheita no Brasil até o dia 03/05, atingia a 97% da área total, sendo 89% no Rio Grande do Sul, 99% no Paraná, 94% em Minas Gerais, 90% na Bahia e 93% em Santa Catarina. (cf. Safras & Mercado)

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¹Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
² Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.