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Análise Semanal do Mercado do Trigo – 24/Jul/2015

As cotações do bushel de trigo em Chicago, após terem atingido US$ 6,14 em 30/06, entraram em um processo de recuo durante todo o mês de julho, passando para US$ 5,86 no dia 13/07; US$ 5,62 uma semana atrás; e fechando este dia 23/07 em US$ 5,21, após US$ 5,16/bushel na véspera.

A entrada da nova safra, revista para cima em volume no relatório do dia 10/07, associada ao enfraquecimento gradual das compras do produto estadunidense, força a baixa nas cotações do cereal.

Nesse sentido, as vendas líquidas estadunidenses de trigo, para o ano 2015/16, iniciado em 1º de junho, somaram 291.500 toneladas, ficando 16% abaixo do registrado na semana anterior e abaixo das expectativas do mercado. O principal comprador foi as Filipinas, com 57.000 toneladas. Já as inspeções de exportação estadunidenses chegaram a 489.089 toneladas na semana encerrada em 16 de julho. No acumulado do ano comercial 2015/16, iniciado em 1º de junho, o volume soma 2,37 milhões de toneladas, contra 3,25 milhões em igual período do ano anterior.

Por sua vez, até o dia 19/07, a colheita do trigo de inverno chegava a 75%, ficando dentro da média histórica. Já as lavouras de primavera apresentavam, na mesma data, 70% em condições boas a excelentes, 23% regulares e 7% entre ruins a muito ruins.

Pelo lado da demanda mundial, destaque para compras do Egito, maior importador mundial de trigo, num total de 175.000 toneladas junto à Rússia, com embarques previstos entre 1º e 10 de setembro.

Nos portos argentinos, o produto FOB para exportação se manteve com preços entre US$ 190,00 e US$ 245,00/tonelada. Ao mesmo tempo, o Uruguai registrou valores entre US$ 190,00 e US$ 205,00/tonelada, enquanto o Paraguai conservou o patamar de US$ 190,00 a US$ 200,00/tonelada.

No mercado brasileiro, apesar de haver espaço para altas de preços, o comportamento geral não caminha nesse sentido. A semana fechou com o balcão gaúcho pagando apenas R$ 27,96/saco na média, enquanto os lotes se mantiveram em R$ 500,00/tonelada ou R$ 30,00/saco. No Paraná, os lotes igualmente estacionaram entre R$ 650,00 e R$ 680,00/tonelada, ou seja, entre R$ 39,00 e R$ 40,80/saco.

Na prática o ritmo continua lento no mercado brasileiro e nem mesmo a nova desvalorização do Real mudou tal comportamento. O produto do Paraguai chega em nossos portos 0,5% mais caro do que o valor nacional, enquanto o argentino chega 12% mais elevado e o estadunidense ao redor de 24% mais caro.

Por sua vez, enquanto o plantio argentino atingiu a 89% da área total esperada até o dia 20/07, o Paraná encerrou o mesmo e o Rio Grande do Sul praticamente não avançou devido as intempéries, ficando ao redor de 83% da área esperada. A redução de área no Rio Grande do Sul, nesse contexto, poderá superar os 23% atualmente calculados. Nesse contexto, a produção nacional dificilmente chegará a 6 milhões de toneladas nesta ano, embora dados mais otimistas chegam a prever 7 milhões de toneladas. É preciso lembrar que o excesso de chuvas, o calor anormal para a época, granizo, ventos e outros problemas têm prejudicado muito as lavouras paranaenses e gaúchas do cereal, comprometendo igualmente a qualidade do produto a ser colhido.

Enfim, os moinhos nacionais continuam com os mesmos problemas para o escoamento da farinha produzida, fato que mantém o mercado nacional com baixa liquidez devido a retração dos mesmos nas compras. A espera é pela nova safra, a se iniciar em setembro no Paraná, quando a tendência, na arrancada, pode ser de preços ainda menores, embora no médio prazo, devido aos problemas de produção nacional, tais preços possam melhorar graças a desvalorização cambial.

Fonte: CEEMA