As cotações em Chicago pouco se alteraram nesta semana. Apesar de o relatório do USDA, divulgado no dia 11/09, ter sido novamente baixista em relação às expectativas do mercado, parte dos analistas continuam considerando que a safra final nos EUA será menor do que o volume até o momento anunciado. Isso provocou ajustes técnicos em diferentes momentos da semana, mantendo as cotações estáveis.
Desta forma, o fechamento desta quinta-feira (17) ficou em US$ 8,84/bushel, idêntico ao de uma semana atrás (primeiro mês cotado). Para maio, o fechamento ficou em US$ 8,92.
O relatório do USDA acabou aumentando a produção estadunidense para 107,1 milhões de toneladas para este ano de 2015/16, colheita esta que está se iniciando. Praticamente manteve os estoques finais, com os mesmos ficando em 12,3 milhões de toneladas nos EUA. Com isso, não alterou o patamar de preços a serem pagos aos produtores estadunidenses neste novo ano comercial, com o mesmo se estabelecendo entre US$ 8,40 e US$ 9,90/bushel, indicando que os atuais preços em Chicago estão dentro do mesmo. Em termos mundiais, o relatório reduziu em meio milhão de toneladas a safra global de soja, definindo a mesma em 319,6 milhões de toneladas. Os estoques finais mundiais da oleaginosa, para 2015/16, foram reduzidos em quase dois milhões de toneladas, porém, se mantendo ainda muito elevados (85 milhões de toneladas, contra 78,7 milhões em 2014/15 e 62,7 milhões de toneladas em 2013/14). O consumo chinês permaneceu estimado em 79 milhões de toneladas (o governo chinês estima um volume de 78 milhões de toneladas), enquanto a produção do Brasil e da Argentina seria de 97 e 57 milhões de toneladas respectivamente.
Imediatamente ao anúncio do relatório o mercado despencou, porém, posteriormente voltou a se recuperar, se mantendo praticamente nos mesmos níveis da semana anterior. O que está sustentando as cotações é a expectativa de uma safra real menor do que o estimado pelo USDA. Nesse sentido, ajudou o raciocínio o fato de o USDA ter reduzido a qualidade das lavouras dos EUA em seu relatório de 08/09. Agora, 61% estão entre boas a excelentes, 27% regulares e 12% entre ruins a muito ruins. Igualmente, o esmagamento de soja em agosto, nos EUA, ficou acima do esperado pelo mercado, atingindo a 3,68 milhões de toneladas, contra 3,64 milhões esperados. Todavia, em julho, o esmagamento havia alcançado 3,95 milhões de toneladas.
Outro fator que auxiliou na manutenção das cotações foi o anúncio pelo USDA de que os produtores estadunidenses, que fazem parte do programa de subsídios do governo, terem deixado de semear 898.422 hectares com soja devido às intempéries (o número anterior era de 878.187 hectares). Isso aumenta o sentimento dos operadores na Bolsa de que a área realmente semeada com soja foi menor do que o indicado, podendo se refletir em um volume final de safra menor do que vem sendo anunciado.
Nesse contexto, a partir de agora será efetivamente a evolução da colheita que indicará quem tem razão e, por conseqüência, para que lado irá os preços.
No mercado brasileiro, o câmbio continuou sendo o elemento central dos preços. Durante a semana o mesmo chegou a R$ 3,90 por dólar em alguns momentos, retrocedendo, posteriormente, para R$ 3,83 a partir do anúncio de um novo pacote econômico por parte do governo federal. Todavia, como esse pacote ainda precisa passar pelo Congresso Nacional, nada está definido e muita volatilidade cambial continuaremos a vivenciar.
Nesse quadro, em plena entressafra, quem ainda tem soja para comercializar está segurando o produto, esperando preços ainda mais elevados.
Ora, os preços atuais são excelentes, na medida em que a média semanal gaúcha fechou em R$ 71,08/saco, enquanto os lotes ficaram entre R$ 79,00 e R$ 79,50/saco. Nas demais praças nacionais os lotes registraram R$ 68,50/saco no Nortão do Mato Grosso, até R$ 76,50/saco no norte do Paraná. No ano passado nesta época, o balcão gaúcho estava em R$ 53,31/saco, enquanto os lotes giravam entre R$ 57,85 e R$ 58,85/saco. Isso significa que, em um ano, apesar do recuo em Chicago (o bushel, na época, valia US$ 9,82) a desvalorização do Real deu ganhos importantes à soja nacional. Ou seja, enquanto o bushel perdeu 9,7% no período, o saco de soja no balcão gaúcho ganhou 33,3%. Nas demais praças nacionais, o Nortão do Mato Grosso ganhou 26,8% em seus preços médios nos lotes (seu preço médio, um ano atrás, era de R$ 54,00/saco), enquanto o norte do Paraná, que registrava um preço médio de R$ 58,50/saco um ano antes, ganhou 30,8%. Assim sendo, mais uma vez se confirma que o câmbio tem salvado, neste ano de 2015, o preço da soja brasileira. O problema é que tamanha desvalorização cambial eleva proporcionalmente os custos de produção, os quais não recuam nos mesmos níveis, quando ocorrer o recuo dos preços do produto na medida em que o câmbio se acomodar em patamares mais racionais.
Na BM&F, a semana fechou com o contrato de novembro/15 em US$ 19,56/saco, enquanto janeiro/16 ficou em US$ 19,64; março em US$ 18,69; e maio em US$ 19,73/saco.
No atual contexto cambial, os preços futuros da soja continuam igualmente excelentes. O interior gaúcho, para maio, registra R$ 76,50/saco FOB. Paranaguá (porto), para o produto CIF o valor ficou em R$ 79,50/saco para março/abril; no Mato Grosso (Rondonópolis) o valor é de R$ 68,00/saco para fevereiro/abril; em Dourados (MS) o saco foi cotado a R$ 68,00 CIF para fevereiro, o mesmo sendo para Rio Verde (GO). Na região de Brasília, para abril, o produto esteve em R$ 69,00/saco CIF; enquanto em Uberlândia (MG) o valor alcançou R$ 70,00/saco nas mesmas condições. Enfim, na Bahia, Maranhão, Piauí e Tocantins, para maio/16, o saco de soja CIF ficou respectivamente em R$ 71,00, R$ 71,00, R$ 72,00 e R$ 70,00. (cf. Safras & Mercado).
Fonte: CEEMA