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Análise Semanal do Mercado de Soja – 24/Jul/2015

As cotações da soja em Chicago cederam durante esta terceira semana de julho. O fechamento desta quinta-feira (23) ficou em US$ 10,10/bushel para o primeiro mês, enquanto novembro fechou em US$ 9,80.

Além de ajustes técnicos na ponta vendedora, o que se esperava ocorreu: a previsão de clima favorável para as lavouras retirou o ímpeto especulativo climático que havia até então. Nesse sentido, os meteorologistas estadunidenses apontam que as chuvas dão lugar a um clima mais seco e temperaturas amenas, favorecendo a evolução das lavouras nos EUA. Somou-se a isso a nova firmeza do dólar no mercado internacional, fato que tira competitividade do produto estadunidense quando da exportação.

Paralelamente, projeção de Safras & Mercado apontou que a área de soja no Brasil, para 2015/16, será de 32,92 milhões de hectares, aumentando em 3,8% e se constituindo na maior da história. Como a tendência é de um clima positivo, em função da ocorrência do fenômeno El Niño neste ano, é possível que a futura colheita brasileira vem a ser um novo recorde, ficando projetada entre 99 e 100 milhões de toneladas, ou seja, ao redor de 4,5% superior ao colhido na última safra. Considerando que a Argentina deva seguir a mesma tendência, em o clima deixando não há como os preços em Chicago subirem. Pelo contrário, o quadro baixista, de um bushel entre US$ 8,00 e US$ 9,50 a partir da colheita dos EUA (outubro) é muito plausível diante de tais projeções.

Enquanto isso, as inspeções de exportação de soja por parte dos EUA somaram 306.379 toneladas, na semana encerrada em 16/07. No acumulado do ano comercial, iniciado em 1º de setembro de 2014, o volume chega a 48,6 milhões de toneladas, contra 42,9 milhões no ano anterior. Já as exportações líquidas estadunidenses, para o ano 2014/15, chegaram a 45.500 toneladas na semana encerrada em 09/07. Isso representou 36% a menos do que a média das quatro semanas anteriores. Para o ano 2015/16 o volume vendido somou 507.000 toneladas. (cf. Safras & Mercado)

Ao mesmo tempo, o USDA informou que, até o dia 19/07, as condições das lavouras dos EUA estavam em 62% entre boas a excelentes, 27% regulares e 11% entre ruins a muito ruins.

Pelo lado da demanda, a China indicou que suas importações de soja em grão somaram 8,09 milhões de toneladas em junho, aumentando em 26,6% sobre junho de 2014. Em maio as compras chinesas haviam chegado a 6,1 milhões de toneladas. No acumulado do primeiro semestre de 2015 a China importou 35,2 milhões de toneladas, ou seja, um aumento de 2,78% sobre igual período do ano passado.

Por sua vez, os prêmios nos portos brasileiros melhoraram um pouco, fechando a semana entre 70 centavos de dólar e US$ 1,07 por bushel. Já nos EUA o Golfo do México registrou prêmios entre 70 e 78 centavos, enquanto em Rosário (Argentina) os mesmos ficaram entre 45 e 70 centavos de dólar por bushel.

No Brasil, a situação de fragilidade econômica, somada à crise política, voltou a desvalorizar o Real, com o mesmo chegando novamente, em alguns momentos da semana, ao redor de R$ 3,23 por dólar. Nessas condições, mesmo com o recuo em Chicago, o balcão gaúcho melhorou, fechando a semana na média de R$ 64,34/saco. Já os lotes giraram entre R$ 72,50 e R$ 73,00/saco. Nas demais praças nacionais os lotes ficaram entre R$ 57,50/saco no Nortão do Mato Grosso e R$ 70,00/saco no norte e oeste do Paraná. Na BM&F o contrato setembro fechou em US$ 22,03/saco, enquanto o novembro ficou em US$ 21,95/saco.

No que diz respeito aos preços futuros, os mesmos continuam muito firmes e merecendo atenção dos produtores visando a constituição de médias de comercialização elevadas. O interior gaúcho, para maio, fixou em R$ 71,50/saco FOB, enquanto no Paraná o porto de Paranaguá registrou R$ 75,00/saco para março/abril próximos. Já no Mato Grosso, a região de Rondonópolis, para o mesmo período, registrou R$ 62,00/saco. No Mato Grosso do Sul, a região de Dourados fixou o saco igualmente nesse preço, para fevereiro/março de 2016. Em Goiás, o valor de R$ 64,00/saco foi verificado em Rio Verde para fevereiro/março, enquanto a região de Brasília ficou em 64,50/saco para abril. Em Uberlândia (MG), para fevereiro, o preço do saco de soja esteve em R$ 63,50. Enfim, na Bahia (Barreiras), Maranhão (Balsas), Piauí (Uruçuí) e Tocantins (Pedro Afonso) os valores somaram respectivamente R$ 65,50; R$ 62,50; R$ 63,50 e R$ 61,00/saco para abril/maio de 2016.

Diante de um contexto em que o câmbio tende a estacionar ao redor de R$ 3,25 por dólar e Chicago recuar um pouco mais na medida em que a safra dos EUA vier normal e não haja problemas climáticos significativos no próximo verão sul-americano, a tendência dos preços em reais é de valores menores do que as atuais propostas futuras. Os valores podem ser mesmo menores, na média do que o valor praticado no disponível nesta última safra. Não se pode esquecer que, na safra passada, o que salvou o preço foi a forte desvalorização do Real (entre julho/14 e julho/15 o mesmo passou de R$ 2,20 para R$ 3,23 em termos médios), algo que, salvo desastre econômico nacional ainda maior do que o atual, não deverá se repetir em 2015/16.

Fonte: CEEMA