Home » Publicações » Agronegócio » Análise Semanal do Mercado de Soja – 25/09/2015

Análise Semanal do Mercado de Soja – 25/09/2015

SojaAs cotações da soja nesta terceira semana de setembro, quando a colheita da oleaginosa já se desenvolve nos EUA, voltaram a recuar na Bolsa de Chicago, porém, neste dia 24 se recuperaram, fechando muito próximo do registrado na semana anterior. O bushel fechou, então, a quinta-feira (24) em US$ 8,86, após US$ 8,61 no dia 22 e US$ 8,84 uma semana antes.

O clima continua favorável nos EUA e a colheita chegou a 7% da área esperada no dia 21/09, estando exatamente dentro da média histórica. Os rendimentos até aqui obtidos estão acima do previsto, indicando que o volume final colhido poderá ser superior ao até aqui estimado, contrariando as especulações de quebra parcial de safra que havia semanas atrás. 

Por outro lado, as condições das lavouras estadunidenses voltaram a melhorar havendo até a data indicada 63% de boas a excelentes, 26% regulares e 11% entre ruins a muito ruins, corrigindo o anunciado na semana anterior.

Ao mesmo tempo, a demanda pela soja dos EUA diminui diante de um dólar cada vez mais forte no cenário internacional. Junto a isso, o petróleo igualmente recuou novamente, o que traz o óleo de soja para valores somente vistos entre 2006/07. Soma-se a isso a crise na economia chinesa, a qual pode provocar uma redução nas compras de soja por parte daquele país, fato que não é visto há 10 anos. 

Nesse sentido, em agosto a China importou 7,78 milhões de toneladas de grãos de soja, com um aumento de 29% sobre agosto de 2014. No acumulado dos oito primeiros meses do ano as compras chinesas chegaram a 52,4 milhões de toneladas, ou seja, 9,8% acima do importado no mesmo período do ano passado. Mas a preocupação dos EUA é de que suas vendas para a China diminuem. Total acima para agosto, o Brasil participou com 5,53 milhões de toneladas (+27,5% sobre agosto/14), acumulando nos oito primeiros meses do corrente ano vendas de 27,9 milhões de toneladas, isto é, 10,4% acima do registrado no mesmo período de 2014. Já os EUA, em agosto, venderam apenas 6.370 toneladas aos chineses, somando 17 milhões de toneladas no acumulado do ano. Isso representa um recuo de 1,9% sobre o mesmo período do ano passado. (cf. Safras & Mercado)

A possibilidade de um acordo comercial entre os EUA e a China, a ser definido nestes dias, poderia envolver até 9 milhões de toneladas de soja, fato que deu um pouco de ânimo ao lado especulador do mercado de grãos.

Por sua vez, as exportações líquidas de soja por parte dos EUA, na semana encerrada em 10/09, atingiram a 912.000 toneladas para o ano 2015/16, ficando dentro das expectativas do mercado. Já as inspeções de exportação de soja, na semana encerrada em 17/09, atingiram a 502.846 toneladas, acumulando no atual ano comercial 2015/16, iniciado em 1º de setembro, o total de 898.902 toneladas, contra 803.742 toneladas em igual momento do ano anterior.

Pesou ainda sobre o mercado da soja o anúncio feito pela Safras & Mercado de que a futura safra brasileira de soja poderá chegar a 100,5 milhões de toneladas em caso de clima normal. Isso representa 5,3% acima do resultado deste último ano, que foi de 95,5 milhões de toneladas. Espera-se um aumento de 3,8% na área nacional de soja, com a mesma chegando a 32,92 milhões de hectares. Por este levantamento, a produtividade média projetada fica em 3.069 quilos/hectare no Brasil.

Nesse contexto, o cenário fundamental no mercado da soja permanece baixista para as cotações.

Dito isso, aqui no Brasil, a nova disparada do dólar, levando a desvalorização do Real a bater em R$ 4,14 em meados desta semana, manteve os preços nacionais da soja em elevação. A média gaúcha no balcão bateu em R$ 73,53/saco na semana, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 82,00 e R$ 82,50/saco. Nas demais praças nacionais os lotes giraram entre R$ 69,00/saco no Nortão do Mato Grosso, até R$ 81,00/saco no norte do Paraná. Alerta-se para o momento em que haverá o retorno desde câmbio, já que o Real está completamente fora de sua paridade em relação ao dólar. A mesma, hoje, considerando o ano de 1999 como referência (momento em que o Brasil passou ao câmbio flutuante) seria de um câmbio entre R$ 3,00 e R$ 3,10. Se avizinha, portanto, um ajuste nesse processo especulativo cambial brasileiro, desde que as condições políticas e econômicas internas o permitam. Isso derrubará os preços da soja em reais, já que Chicago não deverá se recuperar tão cedo. Na verdade, as cotações internacionais estão voltando ao que se considera normal para uma economia mundial que ainda se encontra enfraquecida pela crise de 2007/08.

Assim, os preços futuros praticados no momento permanecem excelentes, fato que está levando a vendas antecipadas cada vez maiores. Até o início deste mês de setembro, segundo a AgRural, 30% da futura safra brasileira já havia sido negociada pelos produtores, contra 10% na mesma época do ano passado e 27% na média histórica. Já as vendas da safra 2014/15 somaram 88% no início de setembro, estando dentro da média. Em relação a safra futura, o Centro-Oeste havia vendido 33%, o Sul 24%, o Sudeste 29%, e a região Norte/Nordeste 36%.

Nesse sentido, os preços futuros da soja ficaram assim na média desta semana: R$ 80,00/saco no FOB interior gaúcho para maio; R$ 83,50 e R$ 86,00/saco CIF respectivamente para os portos de Paranaguá (março/abril) e Rio Grande (maio); R$ 70,00/saco para Rondonópolis (MT) em fevereiro/abril; R$ 70,00 igualmente para Dourados (MS) para fevereiro; R$ 73,00/saco para Rio Verde (GO), entre fevereiro/março; R$ 72,00 para a região de Brasília (abril); R$ 74,00/saco para Uberlândia (MG), para abril; R$ 75,00/saco para Barreiras (BA), em maio; R$ 73,00/saco para Balsas (MA) igualmente para maio. Todos estes valores CIF. Já para Uruçuí (PI) e Pedro Afonso (TO), ambos para maio, o valor ficou em R$ 74,00/saco. (cf. Safras & Mercado)

Enfim, na BM&F o contrato novembro fechou a semana em US$ 19,04/saco; janeiro ficou em US$ 19,14/saco; março em US$ 19,24/saco; e maio em US$ 19,30/saco.

Fonte: CEEMA