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Análise Semanal do Mercado de Trigo – 02/10/2015

TrigoAs cotações do trigo em Chicago voltaram a subir, rompendo definitivamente o teto dos US$ 5,00/bushel (mais uma vez), ao fecharem o dia 1º de outubro em US$ 5,18/bushel. Uma semana antes o fechamento havia sido de US$ 4,97. A média de setembro ficou em US$ 4,86/bushel, contra US$ 4,99 em agosto e US$ 5,47 em julho.

Essa elevação nas cotações vem na esteira de estoques trimestrais, na posição 1º de setembro, abaixo do esperado pelo mercado. A expectativa era de 58,8 milhões de toneladas, e o número oficial veio em 56,9 milhões. Mesmo assim, o volume ficou acima das 51,9 milhões de toneladas do ano anterior. Por sua vez, o avanço mais lento do plantio da nova safra nos EUA também tem causado alguma preocupação no mercado.

Nesse último caso, até o dia 27/09 o plantio atingia a 31% nas lavouras de inverno, contra 35% na média histórica.

Outro fator que deu firmeza às cotações em Chicago foram as preocupações com a seca em importantes países produtores, casos da Ucrânia e Austrália, muito embora o Conselho Internacional de Grãos tenha aumentado a safra global de trigo para 727 milhões de toneladas, ou seja, 7 milhões acima do estabelecido no mês de agosto.

Já as vendas líquidas estadunidenses de trigo, para o ano comercial 2015/16, iniciado em 1º de junho, chegaram a 282.800 toneladas na semana encerrada em 17/09. Esse volume ficou 23% menor do que a média das quatro semanas anteriores.

Nos países exportadores do Mercosul, o preço médio voltou a recuar neste final de setembro, com a tonelada FOB exportação ficando entre US$ 180,00 e US$ 230,00. Especificamente no Uruguai, o plantio está em fase final e a área recuou mais de 40% em função da baixa procura pelo produto local, após perda de qualidade do mesmo nas últimas safras. (cf. Safras & Mercado)

No mercado brasileiro, os preços se mantêm em elevação média. O saco do produto, na média gaúcha, fechou a semana em R$ 32,04. Já os lotes ficaram em R$ 650,00/tonelada ou R$ 39,00/saco. No Paraná, o trigo varia entre R$ 700,00 e R$ 730,00/tonelada, ou seja, entre R$ 42,00 e R$ 43,80/saco. A tendência é de o produto de qualidade superior continuar a subir de preço.

Isso, apesar do aumento da oferta interna, já que no final da semana anterior a colheita no Paraná chegou a 62% da área estimada no Estado, e 90% na região oeste. Ao mesmo tempo, os grandes moinhos continuam muito abastecidos, esperando a entrada mais expressiva desta safra nova. Todavia, maiores chuvas nas regiões produtoras do Paraná nestes últimos dias de setembro atingem os outros 40% das lavouras a serem colhidas, podendo provocar perdas na qualidade do produto, a qual irá se somar ao que o oeste paranaense já perdeu, sem falar no caso específico do Rio Grande do Sul, que ainda não iniciou a colheita. Neste último caso, já se estima que as perdas totais possam chegar a 20%, embora muitas empresas privadas e produtores afirmem que as mesmas são ainda maiores. As próximas semanas, na medida em que a colheita se iniciar, definirão esse quadro.

Entretanto, o principal fator da recuperação dos preços do trigo, mesmo que lenta, vem do câmbio e da forte elevação nos custos de importação do produto. Isso está fazendo com que os moinhos dêem mais atenção ao produto nacional. Até o final de setembro cerca de 17% da safra nacional de trigo já havia sido comercializada antecipadamente (cf. Deral/Safras & Mercado)

Portanto, diante deste conjunto de fatores, não é de se estranhar que os preços do cereal de qualidade superior estejam subindo em plena colheita. Esse processo deverá continuar tanto quanto o Real se mantenha anormalmente depreciado.

Fonte: CEEMA