As cotações do trigo em Chicago também recuaram fortemente nesta última semana de julho, fechando a quinta-feira (30) em US$ 4,96/bushel, após US$ 5,21 uma semana antes e US$ 5,88/bushel no dia 06/07.
Também nesse mercado as cotações recuaram aos níveis de um mês atrás, pressionadas pelo clima favorável à colheita do trigo de inverno e ao bom desenvolvimento do trigo de primavera nos EUA. Além disso, com um dólar mais forte no cenário mundial, a competitividade do produto estadunidense recuou, potencializando um desaquecimento pela demanda do trigo daquele país.
Mesmo assim, as vendas líquidas estadunidenses de trigo, referentes ao ano 2015/16, iniciado em 01/06/2015, ficaram em 502.800 toneladas na semana encerrada em 16 de julho. O número ficou 73% acima do registrado na semana passada, superando as expectativas do mercado. Já as inspeções de exportação de trigo estadunidense chegaram a 439.330 toneladas na semana encerrada no dia 23 de julho. No acumulado do ano comercial, iniciado em 01/06, as inspeções somam 2,81 milhões de toneladas, contra 3,65 milhões no acumulado do ano anterior.
No Mercosul, os preços da tonelada FOB nos diferentes portos de embarque não se alteraram. Na Argentina, os mesmos giraram entre US$ 190,00 e US$ 245,00; no Uruguai entre US$ 190,00 e US$ 205,00; e no Paraguai entre US$ 190,00 e US$ 200,00.
No mercado brasileiro, os preços continuaram baixos, apesar de um câmbio ruim para o importador, pois torna o produto do exterior mais caro. A média gaúcha, no balcão, fechou a semana em R$ 27,77/saco, enquanto os lotes ficaram em R$ 600,00/tonelada ou R$ 30,00/saco. No Paraná, os lotes se mantiveram entre R$ 650,00 e R$ 680,00/tonelada, ou seja, entre R$ 39,00 e R$ 40,80/saco.
A indústria segue retraída, com estoques relativamente importantes, porém, diante da forte desvalorização do Real e das claras evidências de uma safra nacional de trigo bem menor do que o esperado neste ano, devido ao clima, notou-se, neste final de mês, um maior movimento por parte dos compradores nacionais do cereal. Mesmo assim, não se espera grandes movimentos altistas até a entrada da nova colheita, a ser iniciada em setembro pelo Paraná. Mesmo com as quebras possíveis, a entrada da mesma deverá, inicialmente, pressionar ainda mais para baixo os preços do trigo nacional. Mas a quebra nacional (terceira consecutiva) deverá encurtar o período de pressão baixista nos preços, antecipando um aquecimento deste mercado, inicialmente esperado apenas para fevereiro/março do próximo ano.
Em termos de perdas, vale destacar que o clima, além da qualidade, deverá levar a um aumento na redução de área semeada no Rio Grande do Sul. Na será surpresa se a mesma ficar entre 30% e 40 % no final de um plantio muito atrasado. Já no Paraná, o clima provoca perdas em volume e na qualidade de muitas lavouras, em alguns casos de forma irreversível. Assim, o volume final a ser colhido pelo país, neste ano, passa a ser uma incógnita. Quanto mais o volume de produto de qualidade!
Enfim, em termos de importação, até o mês de junho os moinhos brasileiros haviam importado 4,78 milhões de toneladas de trigo, sendo 51% procedentes da Argentina, 29% dos EUA, 10% do Uruguai, 6% do Paraguai e 4% do Canadá. Considerando o mês de junho, o qual encerra o ano comercial 2014/15 para mercado do trigo brasileiro, o país deverá importar 5,2 milhões de toneladas, contra 6,64 milhões no ano comercial anterior. A produção nacional de trigo, em 2014/15, foi de 6,34 milhões de toneladas (desconsiderando-se o montante de baixa qualidade, que foi importante). Descontando 1,67 milhão de toneladas que foram exportadas e somando-se os estoques iniciais de 1,86 milhão de toneladas, o saldo para moagem no ano comercial em questão teria sido de 11,7 milhões de toneladas. (cf. Safras & Mercado).
Fonte: CEEMS