As cotações do trigo em Chicago acabaram recuando após o relatório de oferta e demanda do USDA, anunciado no dia 09/04. Tanto é verdade que o fechamento deste dia ficou em US$ 5,18/bushel, contra US$ 5,36 uma semana antes.
O referido relatório apontou uma safra estadunidense em 55,1 milhões de toneladas e estoques finais para 2014/15 em 18,6 milhões de toneladas, sem novidades em relação ao relatório anterior. O preço médio anual, aos produtores dos EUA, deverá oscilar entre US$ 6,00 e US$ 6,10/bushel para o corrente ano comercial, o que confirma os baixos valores praticados na Bolsa na atualidade.
Em termos mundiais, o relatório destacou que a produção mundial será ainda melhor, ficando em 726,4 milhões de toneladas, e os estoques finais estacionários em 197,2 milhões de toneladas. A produção da Argentina e do Brasil foram mantidas em 12,5 e 5,9 milhões de toneladas, sendo que o Brasil deverá importar 6,7 milhões de toneladas do cereal neste ano 2014/15.
Dito isso, as vendas líquidas de trigo por parte dos EUA, na semana encerrada em 02/04, atingiram a 370.086 toneladas. Já as inspeções de exportação, no ano comercial 2014/15, iniciado em junho passado, acumulam um total de 44,9 milhões de toneladas, contra 40,7 milhões um ano antes, após o registro de 162.100 toneladas na semana encerrada em 26/03. Esse último volume ficou 54% abaixo da média das últimas quatro semanas, sendo as Filipinas o maior comprador na semana, com 95.000 toneladas. Para o ano 2015/16 foram exportadas 131.000 toneladas.
Os volumes indicados foram considerados baixos pelo mercado, influindo negativamente nas cotações de Chicago.
Por outro lado, o USDA indicou que até o dia 05/04 cerca de 44% das lavouras de trigo de inverno estadunidenses se encontravam entre boas e excelentes condições, enquanto 40% estavam em situação regular e 16% entre ruins a muito ruins.
Aqui no Mercosul, os portos argentinos mantiveram seus preços entre US$ 200,00 e US$ 234,00/tonelada. Tendo este último preço como referência, ao câmbio desta semana, o produto argentino chegaria nos moinhos paulistas a R$ 923,00/tonelada CIF. Com isso, a paridade de importação ficou em R$ 816,00 e R$ 767,00/tonelada, respectivamente no interior do Paraná e do Rio Grande do Sul.
No mercado brasileiro, o saco de trigo no balcão gaúcho voltou a melhorar de preço na média desta primeira semana de abril, ao fechar em R$ 26,50. Os lotes fecharam a semana entre R$ 600,00 e R$ 610,00/tonelada, ou seja, entre R$ 36,00 e R$ 36,60/saco. No Paraná os lotes fecharam a semana entre R$ 700,00 e R$ 730,00/tonelada, isto é, entre R$ 42,00 e R$ 43,80/saco.
Continuou interferindo muito no mercado o fato de os moinhos estarem abastecidos, comprando menos a partir de agora no mercado. Além disso, a revalorização do Real tirou a pressão sobre as importações, tornando-as mais competitivas em relação às últimas semanas. Ajuda a acalmar o mercado interno o fato, igualmente, de que a Argentina terá mais trigo para exportar neste ano graças a uma colheita em maior volume. No contexto atual, o trigo argentino chega a São Paulo 14,1% acima do valor do produto do Paraná, enquanto os trigos duro e macio dos EUA chegam 30,2% e 22,9% mais caros respectivamente.
Ainda no Brasil, o plantio da nova safra de trigo já começou na região de Cascavel (PR) e a expectativa é de um recuo de 4% na área semeada localmente. Em relação a safra passada, o Paraná já teria vendido 85% de sua totalidade até o início deste mês de abril.
Com o retorno do câmbio a patamares mais palatáveis, mesmo que ainda de forma não definitiva, o recado é que o produtor que possui trigo de boa qualidade fique atento, pois novas altas podem demorar a partir de agora, embora haja escassez de oferta deste produto no país. No Rio Grande do Sul os negócios seguem mais travados devido ao baixo volume do cereal disponível para ser negociado, e o produtor que possui trigo de safra velha, de boa qualidade, segue sem interesse na venda. (Cf. Safras & Mercado)
Enfim, segundo o representante do USDA no Brasil, a nova safra nacional de trigo poderá alcançar 6,5 milhões de toneladas, sobre 2,6 milhões de hectares, contra as 5,9 milhões de toneladas do ano passado. Considerando que o consumo total brasileiro seria de 11,6 milhões de toneladas, o Brasil deverá importar pelo menos 6,7 milhões de toneladas do cereal neste ano.
Fonte: CEEMA