As cotações do trigo em Chicago subiram um pouco mais nesta semana, fechando a quinta-feira (10) em US$ 4,71/bushel, após o baixo valor de US$ 4,38 visto no dia 01/03.
O relatório de oferta e demanda do USDA também aqui trouxe poucas novidades. A safra e os estoques finais nos EUA ficaram como havia sido indicado em fevereiro, porém, houve pequena redução da produção e nos estoques mundiais do cereal, coms mesmos ficando, respectivamente, em 732,3 e 237,6 milhões de toneladas. A produção brasileira ficou mantida em 5,5 milhões de toneladas, enquanto a da Argentina foi conservada em 11 milhões de toneladas. Nesse contexto, o Brasil deverá importar, em 2015/16, um total de 6,5 milhões de toneladas segundo o USDA.
Começa a pesar um pouco sobre o mercado o fato de o clima nos EUA não estar muito favorável ao desenvolvimento das lavouras de trigo locais. Altas temperaturas antecipadas fazem a germinação vir mais cedo em algumas regiões.
Por sua vez, as vendas líquidas de trigo por parte dos EUA, para o ano 2015/16, chegaram a 344.300 toneladas na semana encerrada em 25/02, com aumento de 42% sobre a média das quatro semanas anteriores. Ao mesmo tempo, as inspeções de exportação somaram 443.190 toneladas na semana encerrada em 03/03, volume considerado positivo.
Os preços da tonelada para exportação, nas regiões do Mercosul, variaram entre US$ 170,00 e US$ 200,00.
Aqui no Brasil, a estabilidade dos preços se manteve. O balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 33,50/saco, enquanto os lotes se mantiveram em R$ 680,00/tonelada (R$ 40,80/saco). No Paraná os lotes registraram valores entre R$ 770,00 e R$ 780,00/tonelada (R$ 46,20 e R$ 46,80/saco).
A tendência é de o cenário nacional para o trigo se modificar a partir do final de março, pois espera-se que os moinhos passem a importar mais trigo visando reposição de estoques. Esta importação, nos últimos dias, ficou mais interessante pela forte valorização do Real devido aos desdobramentos da Operação Lavo-Jato e suas consequências sobre a área política nacional. Do total a ser importado pelo Brasil, a Argentina espera participar com 60%.
Nesse sentido, no mês de fevereiro o Brasil importou 373.632 toneladas, acumulando 2,9 milhões de toneladas no atual ano comercial. Deste total, 58,5% foi procedente da Argentina, 21,8% do Paraguai, 10,5% do Uruguai e 9,2% dos EUA. Por sua vez, o Brasil exportou 157.165 toneladas de trigo em fevereiro, totalizando 652.959 toneladas neste ano comercial 2015/16. Obviamente, grande parte deste trigo é de qualidade inferior. O volume exportado foi considerado abaixo do esperado, já que os exportadores estão dando atenção ao milho, cereal que apresenta preços melhores.
Neste contexto, não há expectativa de mudança nos preços internos no curto e médio prazo. Todavia, muito disso irá depender do comportamento cambial e da futura área de trigo que o Brasil irá semear no próximo inverno. Em o Real voltando a se desvalorizar acima de R$ 4,00 por dólar e a área semeada se reduzindo substancialmente, como se especula, o preço do trigo nacional, mais para o final do ano, poderá sofrer um aumento importante. Sobretudo se Chicago não recuar mais do que os baixos níveis alcançados no início deste mês de março.
Fonte: CEEMA
Gráfico do Trigo na CBOT – Vencimento Set/16