As cotações do trigo em Chicago fecharam a quinta-feira (28) em US$ 4,88/bushel para o primeiro mês cotado. Esse valor está bem distante do fechamento da semana anterior, que foi de US$ 5,22. Nota-se, portanto, um enfraquecimento importante dos preços do cereal na Bolsa.
Dentre os motivos encontram-se as baixas vendas líquidas estadunidenses. Para 2014/15 as mesmas ficaram em 74.400 toneladas, com um recuo considerável em relação à média das últimas quatro semanas. Para 2015/16 as exportações ficaram em 128.200 toneladas. Já as inspeções de exportação de trigo atingiram a 418.376 toneladas na semana encerrada em 21/05. No acumulado do ano comercial iniciado em 1º de junho tem-se 22,2 milhões de toneladas, contra 30,7 milhões no mesmo período do ano anterior.
Ao mesmo tempo, até o dia 24/05 as condições das lavouras de trigo de primavera apresentavam 69% entre boas a excelentes, 27% regulares e apenas 4% entre ruins a muito ruins. Já o plantio deste trigo chegava a 96% da área esperada, contra a média de 79% neste momento do ano. Quanto ao trigo de inverno, 45% das lavouras estavam entre boas a excelentes condições, 36% em situação regular e 19% entre ruins a muito ruins.
Por sua vez, a Rússia indica que sua produção de trigo para 2015 poderá ser menor, devendo ficar em 54 milhões de toneladas, contra 60 milhões no ano anterior. Com isso, o excedente exportável de trigo cairá para 18 milhões de toneladas em 2015/16, ou seja, uma redução de 3,5 milhões de toneladas em relação ao ano anterior.
Na Argentina, o plantio da nova safra atingiu a 2,8% da área esperada, que está agora estimada em 5,26 milhões de hectares, ou seja, 44,1% acima do semeado no ano passado. Nestas condições a produção final, em clima normal, poderá alcançar 14 milhões de toneladas no vizinho país, ou seja, 51,1% acima do colhido no ano anterior. Se o governo informa isso, por outro lado a Bolsa de Cereais de Buenos Aires é mais conservadora, indicando uma área final de 4,1 milhões de hectares. Portanto, há uma enorme distância entre o Ministério da Agricultura e a Bolsa em relação ao que de fato poderá ocorrer na Argentina.
Já os preços nos portos do vizinho país se mantiveram entre US$ 220,00 e US$ 230,00/tonelada. Esse último preço, ao câmbio de hoje, coloca o produto argentino CIF moinhos paulistas a R$ 915,00/tonelada, deixando a paridade de importação no interior do Paraná e do Rio Grande do Sul respectivamente em R$ 808,00 e R$ 759,00/tonelada.
No mercado brasileiro, os preços se mantiveram mais firmes. O balcão gaúcho fechou a última semana de maio em R$ 29,45/saco, enquanto os lotes ficaram em R$ 580,00/tonelada ou R$ 34,80/saco. Por sua vez, no Paraná os lotes fecharam a semana entre R$ 700,00 e R$ 730,00/tonelada, ou seja, entre R$ 42,00 e R$ 43,80/saco.
Portanto, o momento se mantém positivo para os produtores, que buscam preços ainda melhores para o seu produto. Porém, existe baixa liquidez no mercado nacional, fato que pode frear a comercialização. Paralelamente, a indústria continua abastecida. Porém, como contraponto, o trigo uruguaio, com as recentes desvalorizações do Real, passou a entrar mais caro do que o produto nacional.
Todavia, o produto uruguaio não tem volume suficiente negociado a ponto de segurar o mercado brasileiro.
Hoje, o produto argentino entra no Brasil mais de 11% acima das cotações nacionais, enquanto o produto uruguaio, que era negativo, já se apresenta 2% acima dos preços internos.
Fonte: CEEMA