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Análise Semanal do Mercado de Soja – 23/Mai/2015

As cotações da soja em Chicago recuaram persistentemente nesta semana, com o primeiro mês cotado fechando a quinta-feira (21) em US$ 9,38/bushel, após US$ 9,63 uma semana antes.

O efeito do relatório de oferta e demanda do USDA, anunciado no dia 12/05, continuou sendo negativo, além do avanço do plantio e de um clima normal favorável à oleaginosa nos EUA.

Assim, como já anunciávamos há tempo, os fatores fundamentais continuam baixistas para Chicago, especialmente agora que a safra da América do Sul está praticamente colhida (até o dia 17/05 a Argentina havia colhido 80% de sua área, com estimativa de 60 milhões de toneladas no final, enquanto o Brasil havia encerrado sua colheita, com estimativa de 94 milhões de toneladas colhidas).

Por sua vez, as exportações líquidas estadunidenses, para o ano 2014/15, iniciado em 1º de setembro passado, ficaram em apenas 136.600 toneladas na semana encerrada em 7 de maio. O recuo é de 54% em relação à média das quatro semanas anteriores. O principal comprador foi o México com 89.200 toneladas. Para o ano 2015/16 o volume negociado ficou em 88.000 toneladas.

Paralelamente, a área semeada com soja na nova safra dos EUA chegou a 45% do esperado até o dia 17/05. A mesma está acima dos 36% registrados na média histórica, demonstrando que o clima está colaborando para a semeadura da oleaginosa naquele país.

Enquanto isso, a Associação Norte-Americana dos Processadores de Óleos Vegetais (NOPA) indicou que o esmagamento de soja em abril atingiu a 4,09 milhões de toneladas, ficando abaixo do volume esmagado em março, porém, acima do que o mercado esperava, que era de 3,7 milhões de toneladas. (cf. Safras & Mercado)

Outro fator que, momentaneamente veio auxiliar na baixa das cotações foi a constatação de que poderá haver baixas temperaturas no Meio-Oeste dos EUA neste final de maio, fato que pode atrasar o restante do plantio do milho, levando os produtores locais a deslocarem área para a soja, semeada mais tarde.

Pelo lado da demanda, a China confirma sua intenção de importar 77 milhões de toneladas de soja neste ano 2015/16, volume já identificado no relatório do USDA passado. O país oriental é o maior comprador de soja do mundo, com 60% do total mundial. A produção chinesa de soja neste ano deverá recuar para 11 milhões de toneladas, com um recuo de 10,3% na área semeada. (cf. Safras & Mercado)

No Brasil, os preços da soja voltaram a recuar puxados por Chicago e pela estabilização do câmbio ao redor de R$ 3,00 por dólar. Assim, o balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 58,81/saco, enquanto os lotes ficaram entre R$ 62,50 e R$ 63,00/saco. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 52,00/saco em Sapezal (MT) e R$ 60,00/saco no centro e norte do Paraná.

A título de comparação, no ano passado nesta época, o balcão gaúcho pagava R$ 63,09/saco, enquanto os lotes estavam entre R$ 67,00 e R$ 68,00/saco. Nas demais praças nacionais os lotes giravam entre R$ 58,00/saco em Sapezal (MT) e R$ 67,00 a R$ 68,00/saco no Paraná. Ou seja, estamos com uma defasagem, neste ano, ao redor de R$ 6,00/saco. Considerando a inflação oficial, superior a 8% no período e o fato de os custos de produção terem subido ao redor de 20% na atual safra, a rentabilidade do produtor de soja em 2014/15 se confirma bem mais baixa.

Para o ano de 2016 algumas praças já avançam preços. É o caso do porto de Paranaguá (PR), que trabalha hoje com valor de R$ 67,00/saco para março/abril do próximo ano. No Mato Grosso, Rondonópolis fixa, para fevereiro próximo, o valor de R$ 56,00/saco, contra um disponível hoje de R$ 56,50/saco. No Mato Grosso do Sul há indicações de um saco a R$ 54,00 para fevereiro/março, contra um disponível entre R$ 54,00 e R$ 56,00/saco. Em Goiás, a região de Rio Verde trabalha com valores de US$ 17,50/saco para fevereiro/16. Ao câmbio de hoje, isso significa R$ 52,50/saco, enquanto a região de Brasília aponta R$ 58,00/saco para abril/16. Na Bahia, a compra para maio/16 está em R$ 60,50/saco, enquanto no Maranhão ficou em R$ 58,00, e no Piauí em R$ 59,00/saco. (cf. Safras & Mercado) Nota-se que o mercado está receoso em ofertar preços melhores, pois o único fator, por enquanto, que pode sustentar os preços nacionais continua sendo o câmbio (há projeções de se fechar 2015 em R$ 3,20, embora isso não nos pareça ainda plausível), já que Chicago, em caso de safra cheia nos EUA, se encaminha para valores entre US$ 8,50 e US$ 9,50/bushel para 2015/16 (o USDA chega a avançar o patamar médio mínimo em US$ 8,25/bushel para este novo ano comercial).

Fonte: CEEMA