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Análise Semanal do Mercado do Trigo – 10/Mai/2015

As cotações do trigo, após caírem para níveis ainda mais baixos durante a semana, em relação à semana anterior, fecharam a quinta-feira (07) em US$ 4,65/bushel. O trigo trabalhou em Chicago, durante grande parte desta semana, em patamares baixos, confirmando valores que não eram vistos desde meados de 2010. A título de comparação, a média de abril ficou em US$ 5,03/bushel, contra US$ 5,08 em março.

O mercado estadunidense foi pressionado pela melhora das condições das lavouras de trigo de primavera junto aos países produtores, além do bom avanço do plantio nos EUA, somado à fraca demanda pelo produto local. (cf. Safras & Mercado)

O plantio do trigo de primavera atingiu a 75% da área esperada até o dia 03/05, enquanto a média histórica para esta época do ano é de apenas 40%. Por sua vez, 43% das lavouras de trigo de inverno estão entre boas a excelentes, 37% regulares e 20% entre ruins a muito ruins.

No contraponto destes fatores positivos à produção, a Informa Economics reduziu sua projeção de produção para o trigo de inverno nos EUA. Segundo ela, o volume final da mesma ficaria em 40,4 milhões de toneladas. Isso representa um recuo de 326.571 toneladas em relação à projeção anterior, porém, o volume total ainda ficaria 2,9 milhões de toneladas acima do colhido no ano anterior.

Dito isso, as vendas líquidas de trigo, por parte dos EUA, no ano comercial 2014/15 atingiram 449.200 toneladas na semana encerrada em 23/04. Esse teria sido o pior resultado semanal do ano. Para 2015/16 foram exportadas 852.900 toneladas. Já as inspeções de exportação, na semana encerrada em 30/04, atingiram a 325.930 toneladas. No acumulado do ano comercial iniciado em 1º de junho de 2014 o volume chega a 21,07 milhões de toneladas, contra 29 milhões em igual período do ano anterior.

Na Argentina, os preços de exportação junto aos portos locais ficaram entre US$ 220,00 e US$ 239,00/tonelada. Tomando esse último valor como referência, e diante do atual câmbio no Brasil, o produto argentino chegaria posto nos moinhos paulistas a R$ 936,00/tonelada, sendo que a paridade de importação seria de R$ 829,00 e R$ 780,00/tonelada respectivamente no interior do Paraná e do Rio Grande do Sul. (cf. Safras & Mercado)

No Brasil, a desvalorização do Real durante a semana, colocando novamente a cotação acima de R$ 3,00 por dólar, tende a mudar a tendência de recuo dos preços internos do trigo. Na verdade, o movimento é o mesmo para qualquer produto importado. Em desvalorizando o Real as importações encarecem, fato que tende a valorizar o produto nacional e vice-versa. Claro que muito disso depende dos valores em Chicago, pois o exportador internacional baliza seu preço pela Bolsa. Pelo sim ou pelo não, o fato é que o mercado viverá semanas de constantes volatilidades e ajustes devido ao movimento cambial no país.

Nesse contexto, o balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 28,79/saco, enquanto os lotes se fixaram em R$ 650,00/tonelada ou R$ 39,00/saco. Já no Paraná os lotes registraram valores entre R$ 700,00 e R$ 730,00/tonelada (R$ 42,00 e R$ 43,80/saco), se mantendo estáveis em relação à semana anterior.

Nesse momento, o trigo argentino chega em São Paulo ao redor de 13% mais caro do que o preço interno, enquanto o trigo duro dos EUA chega 21,5% mais caro e o macio 12% mais elevado. Já o produto oriundo do Paraguai está entrando no país 4% abaixo do preço praticado no Brasil, servindo como fator de pressão baixista.

No atual quadro de mercado, os preços nacionais do trigo irão repercutir o comportamento cambial e o desenvolvimento do plantio da nova safra brasileira. Nesse último caso, a Fecoagro continua estimando que o Rio Grande do Sul possa registrar um recuo de 20% na atual área a ser semeada com o cereal. Já no Paraná, segundo o Deral, o plantio da nova safra, até o início de maio, chegava a 30% da área esperada, sendo que 99% das lavouras já semeadas apresentavam boas condições de desenvolvimento, enquanto 43% estavam em fase de desenvolvimento vegetativo e outros 57% em fase de germinação.

Fonte: CEEMA