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Análise Semanal do Mercado da Soja – 27/Abr/2015

Soja

As cotações da soja melhoraram um pouco durante esta semana, porém, longe de empolgar. O fechamento desta quinta-feira (23) ficou em US$ 9,78/bushel, contra US$ 9,66 uma semana antes.

Como havia muitas posições vendidas, o mercado reagiu um pouco tecnicamente na medida em que tais posições foram cobertas por compras. Ao mesmo tempo, as exportações estadunidenses ainda foram consideradas boas, ao ficaram em 312.600 toneladas na semana encerrada em 09/04, para o ano 2014/15. Já para o ano 2015/16 as vendas chegaram a 226.200 toneladas, ficando dentro do esperado pelo mercado.

Enquanto isso, as inspeções de exportação, na semana encerrada em 16/04, atingiram a 147.939 toneladas, acumulando no ano comercial 2014/15, iniciado em 1º de setembro, um total de 45,5 milhões de toneladas, contra 41,1 milhões um ano antes.

Dito isso, o contexto baixista de médio e longo prazo persiste. A América do Sul caminha para o encerramento de sua maior colheita de soja da história, após o recorde dos EUA no ano passado, assim como este país indica o plantio, em 2015, de nova área recorde a ser semeada com a oleaginosa.

Para completar o quadro, a demanda mundial deve se deslocar com mais intensidade para os portos da América do Sul, deixando parcialmente de lado a soja dos EUA. Além disso, surgiu neste país casos de gripe aviária em Iowa, fato que deverá reduzir o consumo de farelo de soja.

Por enquanto o clima está favorável ao plantio das lavouras de verão nos EUA, fato que se torna mais um fator de pressão baixista sobre as cotações em Chicago.

Na Argentina, a colheita chegou a 33% da área semeada, que atingiu um total geral de 20,4 milhões de hectares. Nesse momento ela já está mais adiantada que o registrado no ano passado. Na medida em que avança, o volume total estimado igualmente aumenta, estando agora em 58,5 milhões de toneladas segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires.

Ao mesmo tempo, os argentinos esmagaram 2,1 milhões de toneladas de soja em fevereiro, contra 1,78 milhão em janeiro. No ano comercial 2014/15, iniciado em abril/14, o total esmagado atingiu a 36,2 milhões de toneladas, contra 32,9 milhões em igual período do ano anterior. Assim, para fechar o ano falta computar o esmagamento de março.

Pelo lado da demanda, a China informa que suas importações de soja em março ficaram em 4,5 milhões de toneladas, com recuo de 2,8% sobre o mesmo mês do ano passado. No acumulado do primeiro trimestre de 2015 a China comprou 15,6 milhões de toneladas ou 1,9% acima do mesmo período de 2014. Os EUA são seus maiores fornecedores, com um total de 3,8 milhões de toneladas em março ou 2,9% acima de março de 2014. No trimestre, as compras chinesas dos EUA somaram 14,5 milhões de toneladas, com alta de 5,2% sobre o primeiro trimestre do ano passado. (cf. Safras & Mercado)

Por sua vez, os prêmios se mantêm estáveis nos portos brasileiros, embora para maio continuem sendo teóricos já que a tendência é de redução na prática. Assim, para esse mês os mesmos variaram entre 47 e 84 centavos de dólar por bushel, enquanto nos EUA ficaram entre 71 e 75 centavos e na Argentina (Rosário) atingiram valores entre 35 e 55 centavos de dólar por bushel.

Aqui no Brasil, houve recuo nos preços médios do balcão gaúcho, com o saco voltando a romper o piso dos R$ 60,00 ao atingir R$ 59,91 na semana. Nos lotes, o saco de soja ficou entre R$ 62,50 e R$ 63,00. Nas demais praças nacionais os lotes registraram valores entre R$ 54,00/saco em Sapezal (MT) e R$ 61,50/saco em Pato Branco (PR). O Real voltou a se apreciar durante a semana, batendo em R$ 2,98 por dólar no dia 23/04 (desde o dia 04 de março de 2015 que não era visto valor tão alto para nossa moeda), fato que auxilia a trazer para baixo os preços nacionais da soja. De resto, a pressão da oferta e as baixas cotações em Chicago impedem melhores preços. Caso o Real se valorize ainda mais, puxado pelo anúncio do Balanço da Petrobrás que, aparentemente, foi recebido com alívio pelo mercado, o preço da soja pode ainda recuar um pouco mais nas próximas semanas. A questão que entra em jogo igualmente é a nova paralisação dos caminhoneiros brasileiros, iniciada neste dia 23/04, o que pode interromper o fluxo de soja para os portos e impedir que o Brasil atenda momentaneamente a demanda externa, fato que faria Chicago subir, pois contemplaria os interesses da soja dos EUA.

Enfim, o contrato maio/15 na BM&F fechou a semana em US$ 22,36/saco, enquanto julho/15 ficou em US$ 22,33/saco.

Fonte: CEEMA