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Análise Semanal do Mercado do Trigo – 13/Mar/2015

Trigo

As cotações do trigo voltaram a subir de maneira forte nesta semana, com o fechamento desta quinta-feira (12) ficando em US$ 5,13/bushel, contra US$ 4,81 uma semana antes.

O principal motivo foi o clima seco sobre as Planícies produtoras do cereal nos EUA, indicando a possibilidade de quebra de safra. Ao mesmo tempo, o relatório de oferta e demanda do USDA, anunciado no dia 10/03, trouxe uma estabilização nos números estadunidenses (55,1 milhões de toneladas de produção e 18,8 milhões em estoques finais para 2014/15), porém, diminuiu um pouco a produção mundial, fixando-a em 724,8 milhões de toneladas nesse relatório, enquanto os estoques finais permaneceram em 197,7 milhões de toneladas. A produção argentina se manteve em 12,5 milhões de toneladas, embora oficialmente os argentinos apontem para uma colheita de 13,9 milhões de toneladas, enquanto a safra brasileira foi reduzida para 5,9 milhões de toneladas.

Dito isso, as vendas líquidas estadunidenses de trigo, para o ano 2014/15, iniciado em 1º de junho de 2014, chegaram a 469.600 toneladas na semana encerrada em 26/02, ficando 34% acima da média das últimas quatro semanas. O Egito foi o maior comprador com 175.000 toneladas. Para o ano de 2015/16 o volume negociado foi de 38.000 toneladas. Quanto às inspeções de exportação de trigo, o total alcançou 376.210 toneladas na semana encerrada em 05/03. No acumulado do ano o volume é de 17,4 milhões de toneladas, contra 24, 4 milhões na mesma época do ano anterior.

Ainda em termos mundiais, a China projeta colher 126 milhões de toneladas de trigo, elevando seus estoques finais para 62,8 milhões de toneladas. Já o bloco da ex-URSS deverá colher 112,6 milhões de toneladas do cereal.

Paralelamente, na Argentina os preços nos portos se mantiveram entre US$ 230,00 e US$ 242,00/tonelada. A esse último preço, e ao câmbio de hoje, o produto argentino chegaria CIF moinhos paulistas a R$ 971,00/tonelada. Com isso, a paridade de importação, para o interior do Paraná, fica em R$ 863,00/tonelada, e para o interior gaúcho atinge R$ 814,00/tonelada. (cf. Safras & Mercado)

No mercado brasileiro, o preço médio no balcão gaúcho fechou a semana em R$ 25,42/saco, enquanto os lotes permaneceram em R$ 510,00/tonelada ou R$ 30,60/saco. No Paraná, os lotes fecharam a semana entre R$ 610,00 e R$ 635,00/tonelada ou R$ 36,60 e R$ 38,10/saco.

A semana, na verdade, iniciou com ritmo muito lento de negócios. O motivo seria a falta de espaços nos estoques dos compradores, que já estão bem estocados, mesmo havendo a intenção de aproveitar os preços ainda atrativos, antecipando a iminente alta que está vindo. A paralisação dos caminhoneiros ainda provocou algum rescaldo em termos de problemas de logística. Posteriormente, a semana terminou com o preço médio da tonelada de trigo, no Paraná, registrando um ganho de 9% em relação ao mesmo período do mês anterior, enquanto no mercado gaúcho o ganho chegou a quase 3% no período. Diante da situação cambial brasileira, o mercado espera que os preços internos subam bem antes de maio (antiga previsão), pois as importações estão cada vez mais caras. Tanto é verdade que um mês atrás o trigo argentino chegava CIF São Paulo a R$ 885,00/tonelada. Hoje chega a R$ 951,00/tonelada. Todavia, uma recuperação mais consistente dos preços do trigo dependerá do retorno dos grandes moinhos brasileiros às compras. (cf. Safras & Mercado)

Assim, até a entrada da nova safra nacional de trigo, em setembro via o Paraná, a tendência é de os preços internos do cereal continuarem paulatinamente subindo. Salvo uma revalorização do Real de forma significativa, o que não parece que ocorrerá. Essa alta nos preços do cereal poderá evitar que um  percentual maior de área não seja semeado no Paraná, em particular. Todavia, muito disso dependerá dos custos de produção, hoje extremamente elevados devido ao câmbio, em relação ao preço que chegará a tonelada do produto final.

Nesse sentido, o Deral paranaense prevê o plantio de uma área de 1,37 milhão de hectares em trigo, ou seja, um recuo de apenas 2% em relação ao ano passado. Em clima normal isso poderá resultar em uma safra de 4,1 milhões de toneladas, contra as 3,8 milhões colhidas em 2014. Já no Rio Grande do Sul, devido a forte frustração da última safra, associada aos elevados custos de produção, pode levar a uma redução maior de área plantada.

Enfim, segundo a SECEX o Brasil importou 409.153 toneladas de trigo em grão no mês de fevereiro, sendo esse o maior volume mensal desde outubro passado, porém, 9% a menos do que o comprado em fevereiro de 2014. A Argentina respondeu por 95% do total adquirido. Entre agosto/14 e fevereiro/15 (atual ano comercial) o Brasil já importou 3,05 milhões de toneladas, ou seja, 27,3% menos do no mesmo período do ano anterior.

Fonte: CEEMA