As cotações do trigo em Chicago fecharam a semana um pouco melhores. A quinta-feira (22) registrou US$ 4,05/bushel, contra US$ 3,99 uma semana antes. O que deu o pequeno suporte aos preços do trigo em Chicago foi a elevação parcial das cotações da soja e do milho naquela Bolsa, em função de um pequeno atraso na colheita dos mesmos devido a um clima mais chuvoso.
Todavia, os fracos volumes exportados por parte dos EUA, mesmo com preços baixos, impedem altas mais expressivas.
No Mercosul, a projeção de produção aponta, segundo Safras & Mercado, 15 milhões de toneladas na produção e 8,5 milhões na exportação. Para o Uruguai a produção será de 800.000 toneladas, com exportações de 400.000. O Paraguai deverá produzir 1,1 milhão de toneladas e exportar 750.000 toneladas. Já o Brasil produzirá 5,5 milhões de toneladas, importando outros 5,5 milhões. Apenas dos países vizinhos do Mercosul o Brasil teria uma disponibilidade de 9,65 milhões de toneladas para se abastecer de trigo.
Nesse contexto, os preços da tonelada na exportação FOB dos países do Mercosul ainda não refletem essa maior oferta, permanecendo entre US$ 205,00 e US$ 220,00.
No Brasil, a baixa liquidez ainda está presente, apesar de o Paraná já registrar 22% de área colhida. A demanda permanece retraída, esperando recuo ainda maior de preços. No auge da colheita nacional, no final de outubro, espera-se que o preço do trigo venha para o nível do preço mínimo estabelecido para este ano. Esse fato se deve, além do aumento na produção nacional, à melhoria na oferta da Argentina em particular e na forte redução dos preços internacionais do cereal, colocando a paridade de importação em níveis bastante baixos. Soma-se a isso o fato de que os preços do milho permanecem sem reação sustentável no momento, fato que retira as indústrias de ração do mercado comprador de trigo.
As condições das lavouras a serem colhidas, tanto no Paraná quanto no Rio Grande do Sul, por enquanto, estão boas, com apenas algumas perdas muito pontuais.
Segundo o Deral do Paraná, 88% das lavouras locais estão em boas condições, sendo que a safra final do Estado deverá ser de 3,3 milhões de toneladas, ficando 1% acima do colhido no ano anterior e com muito melhor qualidade diante dos prejuízos climáticos causados na safra de 2015. De fato, o rendimento médio paranaense esperado é de 3.052 quilos/hectare, ficando 25% acima do registrado na safra anterior. Assim, logo mais haverá aumento na liquidez do cereal no país, com pressão baixista sobre os preços. No Rio Grande do Sul, o forte da colheita se dará a partir do final de outubro e, especialmente, em novembro.
Nesse quadro, o balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 38,36/saco, acusando novo recuo, enquanto os lotes ficaram em R$ 700,00/tonelada (R$ 42,00/saco), assim como no Paraná. No entanto, estes valores são apenas nominais já que na prática o mercado está pagando menos para a safra nova paranaense que já entra no mercado.
Um tal contexto deverá levar o governo brasileiro a retomar o sistema de intervenção via os leilões de PEPRO (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural e/ou sua Cooperativa) para garantir ao produtor pelo menos o preço mínimo estabelecido oficialmente para a atual safra, que é, para o produto de qualidade superior, de R$ 38,65/saco no Sul do país, R$ 42,53/saco no Sudeste, e de R$ 44,26/saco no Centro-Oeste e na Bahia.