As cotações da soja em Chicago, após o forte recuo da semana anterior, se recuperaram um pouco durante esta semana, num claro ajuste técnico. O fechamento desta quinta-feira (08), para o primeiro mês cotado, ficou em US$ 9,92/bushel, contra US$ 9,59 uma semana antes. O movimento se deve particularmente a um ajustamento do mercado antes do anúncio de mais um relatório de oferta e demanda pelo USDA, previsto para o dia 12/09. É bom lembrar que a atual semana foi mais curta devido ao feriado nos EUA no dia 05/09 e no Brasil no dia 07/09.
Até o momento nada indica problemas na safra de soja estadunidense, a qual começará a ser colhida no final deste mês de setembro. Tanto é verdade que as condições das lavouras dos EUA, no dia 04/09, continuavam apresentando 73% entre boas a excelentes, 20% regulares e apenas 7% entre ruins a muito ruins.
Nesse contexto, em se confirmando uma safra recorde nos EUA ganha mais força a possibilidade de o bushel de soja, a partir de outubro, buscar um patamar entre US$ 8,50 e US$ 9,50 como já alertamos há meses.
No curto prazo, a boa demanda pela soja estadunidense vem dando ainda um pequeno suporte às cotações. Neste sentido, as inspeções de exportação, na semana encerrada em 1º de setembro, ficaram em 1,23 milhão de toneladas, contra apenas 94.262 toneladas em igual momento do ano anterior.
Por sua vez, a Argentina indicou exportações de 2,59 milhões de toneladas de farelo de soja em junho passado. Entre janeiro e junho as exportações argentinas deste subproduto da soja ficaram em 11,97 milhões de toneladas, contra 11,8 milhões em igual período do ano anterior.
Aqui no Brasil, após um câmbio que levou o Real a se desvalorizar para R$ 3,28, a moeda nacional voltou a se fortalecer, chegando a R$ 3,20 em alguns momentos da semana. Assim, os preços da soja igualmente se mantiveram com viés de baixa. A média gaúcha no balcão ficou em R$ 70,34/saco, enquanto os lotes giraram entre R$ 74,50 e R$ 75,00/saco. Nas demais praças nacionais os lotes ficaram entre R$ 65,50/saco no Piauí (Uruçuí) e Tocantins (Pedro Afonso), R$ 68,00/saco em Diamantino (MT) e R$ 76,00/saco no centro e norte do Paraná.
O mercado nacional continuou travado, com poucos negócios, diante da volatilidade cambial e do viés baixista em Chicago. Em termos de preços futuros, para maio/17 o interior gaúcho apontou R$ 72,00/saco FOB, enquanto Rondonópolis (MT) ficou em R$ 63,50/saco para março e Piauí e Tocantins indicaram R$ 67,50/saco para abril/17.
Enfim, vale destacar que as exportações do “complexo soja”, por parte do Brasil, avançaram bem nestes primeiros oito meses de 2016. No grão de soja o volume chegou a 48,17 milhões de toneladas, contra 45,85 milhões de toneladas em igual período do ano anterior, 42 milhões em 2014 e apenas 37,1 milhões em 2013. Todavia, em valores, o crescimento em 2016 foi bem menos significativo, pois os preços recuaram bastante. Assim, nos primeiros oito meses do ano o ganho com as vendas externas de soja foi de US$ 17,9 bilhões, contra US$ 17,7 bilhões em igual período do ano passado. Em termos de farelo de soja, o volume exportado no período atingiu a 10,9 milhões de toneladas, contra 10,2 milhões um ano antes (9,46 milhões em 2014 e 8,6 milhões em 2013), sendo que o valor bruto apurado foi de US$ 3,87 bilhões, contra US$ 4,04 bilhões nos primeiros oito meses de 2015. Enfim, quanto às exportações de óleo de soja por parte do Brasil, até agosto as mesmas atingiam a 876.000 toneladas, contra 981.000 em igual período de 2015 (937.000 em 2014 e 810.000 toneladas em 2013). Em valores, as vendas de 2016 atingiram a US$ 598,3 milhões, contra US$ 688,1 milhões entre janeiro e agosto de 2015 (cf. Safras & Mercado).