Comentários referentes ao período entre 05/07/2013 a 11/07/2013
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Prof. Ms. Emerson Juliano Lucca²
As cotações do milho em Chicago igualmente subiram nesta semana, fechando o dia 11/07 em US$ 7,16/bushel, após US$ 7,09 na véspera e US$ 6,78 uma semana antes. O clima nos EUA, que transcorre bem, e particularmente o relatório de oferta e demanda do USDA, divulgado neste mesmo dia 11/07, e que foi parcialmente altista, foram os elementos centrais do movimento na Bolsa nestes últimos dias.
Nesse sentido, o relatório apontou o seguinte:
1) confirmação de uma área semeada nos EUA de 39,4 milhões de hectares;
2) manutenção de uma produtividade média de 9.826 quilos/hectare nesta atual safra dos EUA;
3) redução da produção final estadunidense para 354,4 milhões de toneladas em 2013/14;
4) estoques finais neste novo ano comercial em 49,8 milhões de toneladas;
5) patamar de preços médios aos produtores estadunidenses mantido entre US$ 4,40 e US$ 5,20/bushel;
6) produção mundial de milho, em 2013/14, reduzida para 959,8 milhões de toneladas;
7) estoques finais mundiais, para o mesmo ano, reduzidos em menos de um milhão de toneladas, para 150,97 milhões de toneladas;
8) produção brasileira e argentina de milho, no novo ano comercial, estimadas em 72 e 27 milhões de toneladas respectivamente;
9) exportações brasileiras em 2013/14 estimadas em 18 milhões de toneladas.
Paralelamente, as condições das lavouras do cereal nos EUA, até o dia 07/07, estavam muito boas, sendo que 67% se apresentavam entre boas a excelentes; 25% regulares; e apenas 8% entre ruins a muito ruins, fato que permite vislumbrar uma safra recorde.
Em relação aos números do relatório, importante se faz frisar que o mercado esperava estoques em 18,3 milhões de toneladas para a safra 2012/13 e 47 milhões de toneladas para a safra 2013/14.
Dito isso, o milho nos EUA entra aos poucos em sua fase mais crítica, sendo que as chuvas até o início de agosto darão o tom do mercado. Nesse momento, há previsão de chuvas normais em grande parte do Meio-Oeste estadunidense. Paralelamente, as exportações da semana anterior naquele país chegaram a 233.000 toneladas, ficando dentro das expectativas do mercado.
Vale destacar ainda que o fato de o preço do petróleo ter passado a US$ 103,50/barril no mercado mundial, nesta semana, auxiliou a um aumento da demanda interna de milho nos EUA visando a fabricação de etanol. Todavia, o principal elemento em jogo agora é o clima naquele país.
Enquanto isso, a tonelada FOB na Argentina e no Paraguai ficou em US$ 245,00 e US$ 130,00 respectivamente.
No Brasil, os preços se mantiveram sob pressão de baixa futura em função da entrada cada vez maior de uma safrinha estimada agora em 46 milhões de toneladas. Assim, no interior paulista o mês de setembro já trabalha abaixo de R$ 20,00/saco no FOB. Nesse momento, a média gaúcha no balcão fechou em R$ 23,76/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 26,50 e R$ 27,50/saco. Já nas demais praças os lotes vieram a R$ 9,50/saco em Sapezal (MT) e entre R$ 24,50 e R$ 25,00/saco em Santa Catarina.
Nestas condições, a nova safra brasileira de verão continua a indicar preços abaixo de R$ 20,00/saco.
Nesse sentido, e visando aliviar a pressão baixista, o governo anunciou a liberação de R$ 700 milhões para a comercialização de milho. “Estes recursos envolvem possível recompra de Contratos de Opção, atendimento da demanda do Nordeste em 1 milhão de toneladas e leilões de Pepro/Pep. O governo deverá liberar edital para leilão de Pepro, exclusivamente, para o Mato Grosso ainda em julho. O PEP não dispõe de previsão para ser efetivado. O Pepro é o mecanismo em que o produtor precisa adquirir o direito do Prêmio em leilão. Todo o ônus da operação, documentação e comprovação das operações é do produtor. Com o prêmio o produtor do Mato Grosso poderá vender a um preço CIF mais baixo em outros Estados. Em qualquer modelo de edital, os demais Estados produtores serão prejudicados e sofrerão a pressão de venda direta ou indireta deste mecanismo direcionado para o Mato Grosso neste momento. Se todo o recurso for utilizado para o Pepro, com prêmio de R$ 7,00/saco, o volume atingido será de 6 milhões de toneladas.” (cf. Safras & Mercado)
Por enquanto, as exportações continuam preocupando, mesmo com um Real muito desvalorizado. Os embarques de milho na primeira semana de julho ficaram em apenas 4.000 toneladas. Além disso, a greve nos portos nesta semana não ajuda em nada o escoamento já difícil. Entre julho e setembro há programação para embarque de um total entre 4 a 5 milhões de toneladas. Após setembro, praticamente nada!
Além disso, segundo Safras & Mercado, “o anúncio do Pepro é realmente problemático para o mercado interno no momento em que leva o produtor a ofertar milho a preços CIF em patamares distorcidos pelo subsídio do governo, benefício que não será ofertado a todos os Estados produtores. As tradings agora concentrarão compras apenas no porto, pois o produtor com o prêmio do Pepro poderá vender o milho CIF no porto. Estados do Sul e do Sudeste poderão receber forte pressão de venda, em qualquer situação do edital, já que o Pepro força a venda do Mato Grosso para outros Estados a preço subsidiado. Com a divulgação do edital do Pepro concentrado no Norte do Mato Grosso o mercado foca as localidades e Estados que serão afetados pela pressão de venda do produtor daquele Estado. Regiões que vendem para o Nordeste, Norte de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro, como Bahia, Goiás, Triângulo Mineiro e interior de São Paulo sofrerão o impacto negativo de um milhão de toneladas do Mato Grosso sendo ofertadas nestas localidades após o leilão. Além disso, as tradings poderão se concentrar mais nos lotes de Pepro reduzindo interesse por lotes de outras regiões não beneficiadas pelo subsídio.”
Enfim, na importação o CIF indústria brasileira ficou em R$ 42,88/saco para o produto dos EUA e R$ 41,95/saco para o produto da Argentina, ambos para julho. Já o produto argentino para agosto ficou em R$ 40,59/saco. Na exportação, o transferido via Paranaguá registrou os seguintes valores: R$ 27,29/saco para julho; R$ 26,30 para agosto; R$ 26,45 para setembro; R$ 25,41 para outubro; R$ 25,01 para novembro; R$ 25,07 para dezembro; R$ 26,05 para janeiro/14; e R$ 24,78/saco para fevereiro/14.
¹ Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
² Professor, Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.