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O povo continua sendo ludibriado

          Enquanto na economia os juros sobem, a inflação oficial rompe o teto da meta anual, a inflação real dispara, a balança comercial registra um déficit histórico no primeiro semestre, o desemprego bate à porta, a Bovespa despenca, o Real se desvaloriza rapidamente, o endividamento e a inadimplência das famílias e empresas crescem, dados oficiais são maquiados e manipulados, e o mundo nos olha com legítima desconfiança na área, o que o governo nos oferece? Pressionado pela população, via manifestações que superaram até mesmo as de 1992 (quando do impeachment do ex-presidente Collor), oferece encaminhamentos muito pouco críveis. Ou seja, estamos diante de um desgoverno, que perdido na área econômica já há algum tempo, se mostra ainda mais perdido na área política. E a sociedade também tem sua grande parcela de culpa. Parte dela, levada por promessas demagógicas, reelegeu ou elegeu muitas pessoas para os cargos públicos que, sabidamente, eram corruptos, maus gestores e despreparados. Os mesmos continuam usando o coletivo em benefício próprio, pouco atentando para o clamor das ruas (o caso do uso dos aviões da FAB é um exemplo). Ao mesmo tempo, as propostas do Executivo, casuísticas e sem grandes possibilidades de execução, a começar pelo plebiscito absurdo, são meros artifícios para enganar os descontentes, que são hoje a maioria. Paralelamente, o Senado, ao invés de realmente legislar em favor do povo, já tratou de modificar a proposta de lei que direcionava 100% da receita do Pré-Sal para a educação e/ou saúde, agregando um adendo que só permite, agora, que 53% de tal receita efetivamente seja destinada para tais serviços públicos. Enfim, os próprios senadores e deputados federais, que carregam nas costas processos de corrupção de toda ordem, ajudaram a tornar crime hediondo a…. corrupção!!!! E depois queremos que o mundo nos respeite e venha investir no país! Perdemos o respeito e o trem da história nestes últimos anos, muito mais do que a dose histórica que sempre, infelizmente, assolou esse país. As paralisações e manifestações programadas para este dia 11/07 tentam reavivar os clamores populares de junho passado, porém, com uma grande diferença: agora são os sindicatos e centrais sindicais que buscam retomar o pulso do processo, perdido para a população independente. Ora, grande parte de tais sindicatos são manipulados e atrelados aos interesses de alguns poucos e, seguidamente, “fechados” com o atual governo. Portanto, da forma como a coisa se desenha, a população deste país, que pacificamente procurou demonstrar o seu desconforto crescente com a condução político-econômica dos últimos anos, só terá mesmo as eleições presidenciais e gerais de 2014 para mudar, de forma concreta, o rumo desastroso a que o Brasil foi conduzido. Que na hora de votar a memória não seja curta e usemos o voto como um real instrumento de mudança no sentido de reconstruirmos o país, sem cairmos nas ações demagógicas que têm nos ludibriado constantemente.
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Escrito por:  Argemiro Luís Brum