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TRIGO – Análise semanal do mercado – 22/Jul/2013

Comentários referentes ao período entre 12/07/2013 a 18/07/2013

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum ¹
Prof. Ms. Emerson Juliano Lucca ²

As cotações do trigo em Chicago pouco se alteraram durante a semana, pois as mesmas já se encontram dentro dos padrões esperados pelo USDA e pelo mercado para o ano de 2013/14. Além disso, o relatório de oferta e demanda, do dia 11/07, não trouxe grandes novidades aos olhos do mercado.

Assim, o fechamento desta quinta-feira (18), agora tendo setembro como primeira posição negociada, ficou em US$ 6,60/bushel (um ano antes, o bushel de trigo valia US$ 9,03).

Dito isso, as vendas líquidas de soja por parte dos EUA, na semana encerrada em 04/07, atingiram, para o ano comercial 2013/14, iniciado em 1º de junho, um total de 1,47 milhão de toneladas, tendo como principal comprador a China, com 1,02 milhão de toneladas. Já as inspeções de exportação, na semana encerrada em 11/07, chegaram a 665.607 toneladas.

Por sua vez, no Mercosul, indicações de preços para a safra nova da Argentina dão conta de valores, no Up River, de US$ 262,00/tonelada na compra, para dezembro/janeiro próximos (ao câmbio de hoje isso equivale a R$ 34,90/saco). Em Necochea a venda ficou em US$ 268,00/tonelada. A esse preço, nas regiões produtoras brasileiras a tonelada ficaria ao redor de R$ 550,00 (R$ 33,00/saco). Isso dá uma clara ideia da forte baixa de preços que o trigo, em safra cheia, poderá ter junto ao produtor brasileiro até o final do ano.

Especialmente porque se confirmam as expectativas de um aumento de 10% na área nacional do cereal, com a mesma atingindo a 2,1 milhões de hectares, fato que permitiria uma produção, em clima normal, de 5,6 milhões de toneladas, contra apenas 4,2 milhões na safra passada. Soma-se a isso o fato de que se espera exportações menores e um aumento importante na produção do Mercosul e teremos uma disponibilidade importante de trigo para os moinhos brasileiros a partir de novembro/dezembro.

Todavia, no curto prazo, enquanto estivermos em entressafra, os preços se manterão elevados. Na semana, o preço médio no balcão gaúcho subiu para R$ 32,27/saco, enquanto os lotes chegaram a R$ 800,00/tonelada. No Paraná, os lotes giraram na média de R$ 900,00 a R$ 910,00/tonelada. Especialmente porque a Conab realizou seus últimos dois leilões de venda de trigo nesta última semana. No dia 11/07 vendendo 101.934 toneladas das 106.964 toneladas disponibilizadas. A sobra teria sido leiloada neste dia 18/07. Os preços no Paraná atingiram valores entre R$ 850,00 e R$ 916,50/tonelada (entre R$ 51,00 e R$ 55,00/saco), enquanto no Rio Grande do Sul a tonelada girou entre R$ 788,00 e R$ 827,00 (R$ 47,28 e R$ 49,62/saco).

Nesse contexto, espera-se que a Conab adquira, na próxima safra, algo em torno de 500.000 toneladas para recompor seus estoques agora zerados. As compras seriam feitas onde os preços de mercado estiverem abaixo do novo preço mínimo de R$ 31,86/saco para o trigo da classe Pão do Tipo 1 (cf. Safras & Mercado) Ou seja, o próprio governo está indicando que os preços da nova safra ao produtor rural brasileiro tendem a ficar até mesmo abaixo do preço mínimo.

Mas tudo isso se o clima colaborar e a safra for cheia. Ora, já para esta próxima semana há previsões de fortes geadas devido a passagem de frentes frias e chegada de massa de ar polar. Pode inclusive haver chuvas congeladas em muitas regiões. Isso já deixa o mercado em alerta, especialmente quanto ao futuro do trigo no Paraná se o mesmo for atingido por tais intempéries. Mas não se descarta problemas localizados igualmente em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, embora o atual estágio de suas lavouras se beneficie da geada no momento. Dito isso, até o dia 15/07 as lavouras paranaenses atingiam 79% em condições boas a muito boas e o Rio Grande do Sul 86%.

Não há dúvida que, diante do exposto, e sem problemas climáticos, o momento é de vender trigo para quem ainda possui estoques de safras passadas.

Paralelamente, o governo brasileiro indicou que o Brasil importou, em junho passado, 478.487 toneladas de trigo, sendo as mesmas 16% inferiores ao volume importado em maio, porém, 59% superiores ao volume adquirido em junho de 2012. Somente dos EUA vieram 211.097 toneladas, contra 190.637 toneladas em maio, graças a isenção da TEC do Mercosul. A segunda maior origem do produto é a Argentina, com 116.322 toneladas, seguida do Canadá com 40.888 toneladas. Após vêm o Paraguai com 34.872 toneladas e o Uruguai com 31.528 toneladas. No acumulado do ano comercial 2012/13, iniciado em agosto de 2012, as importações somam 6,34 milhões de toneladas, ou seja, um aumento de quase 18% sobre o total importado no ano anterior. A principal origem é a Argentina com 4,6 milhões de toneladas (72,5% do total), seguida do Paraguai com 801.838 toneladas, EUA com 465.157 toneladas, Uruguai com 411.664 toneladas e Canadá com 69.375 toneladas. Já o volume de farinha de trigo importada no mesmo período chegou a 387.500 toneladas (equivalente grão), contra 627.000 toneladas no ano comercial anterior. Em pré-mistura as compras externas somaram 145.000 toneladas, contra 91.000 toneladas no ano anterior. (cf. MDIC, citado por Safras & Mercado)

Enfim, na paridade de importação, o trigo hard dos EUA, com a isenção da TEC, de 10%, e no câmbio atual, chega aos moinhos do Sudeste brasileiro ao redor de R$ 868,00/tonelada. Com isso, o trigo do norte do Paraná sairia da região a R$ 757,00/tonelada FOB, enquanto o trigo soft ficaria a R$ 693,00/tonelada. (cf. Safras & Mercado)

¹  Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
²  Professor, Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.