Comentários referentes ao período entre 24/05/2013 a 30/05/2013
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Prof. Ms. Emerson Juliano Lucca²
As cotações da soja subiram bem durante esta última semana de maio, recheada de feriados (dia 27 nos EUA e dia 30 no Brasil). Em Chicago, o bushel, para o primeiro mês cotado, bateu em US$ 15,09 no dia 28/05, fechando a quinta-feira (30) em US$ 14,95. Mesmo as posições mais distantes aumentaram, porém, em ritmo bem menor, porém, permitiu reduzir a distância entre a cotação atual e o mês de novembro/13, com a mesma ficando agora em US$ 2,06/bushel. Ou seja, o mercado continua na mesma balada de semanas: no curto prazo, mantendo preços elevados para segurar uma demanda atípica nesta entressafra dos EUA, diante das dificuldades de exportação sul-americana e particularmente brasileira, enquanto para o segundo semestre os preços mantém-se bem mais fracos, embora melhores, no momento, do que duas semanas antes.
No curto prazo, o mercado começa a perceber que a demanda chinesa vem enfraquecendo devido ao menor crescimento econômico naquele país e, principalmente, devido aos últimos aumentos de preços que pesam sobre a inflação interna mundial em geral e deste país asiático em particular. Por sua vez, o atraso no plantio da atual safra de soja provoca algumas especulações altistas para o futuro, porém, lembramos que há muito tempo ainda para se concretizar o mesmo e o clima nos EUA melhorou nos últimos dias. Além disso, continua a possibilidade de uma parte da área de milho, mesmo que pequena, seja transferida para a soja, fato que consolidaria uma safra ainda maior naquele país. Ou seja, os fundamentos de mercado, para o segundo semestre, continuam francamente baixistas, pelo menos por enquanto.
Quanto ao plantio, até o dia 26/05 os produtores estadunidenses haviam semeado 44% da área de soja (a janela ideal de plantio fecha apenas em 15/06), contra 61% na média histórica para esta época.
Por sua vez, as inspeções de exportação estadunidenses de soja fecharam a semana encerrada em 23/05 com um volume de 92.202 toneladas, ficando abaixo do registrado na semana anterior. No acumulado do ano comercial, iniciado em 23 de setembro de 2012, o volume alcança 34,4 milhões de toneladas, contra 31,3 milhões um ano antes. Já os registros de exportação, na semana encerrada em 16/05, indicaram um volume de 1,02 milhão de toneladas, superando a expectativa do mercado, que era de algo entre 400.000 e 800.000 toneladas.
Paralelamente, a Argentina informou que até o dia 23/05 a colheita de sua soja atingia a 90% da área semeada, que foi de um total de 19,13 milhões de hectares. Com isso, se confirma cada vez mais que a produção do vizinho país ficará mesmo em 50,6 milhões de toneladas nesta safra. A mesma seria então 26,2% superior a do ano passado.
Ao mesmo tempo, o governo argentino informou que o esmagamento de soja em março atingiu a 1,72 milhão de toneladas, contra 2,44 milhões em março de 2012. No acumulado do ano comercial 2012/13, que se encerrou em março/13, o total alcançou 30,67 milhões de toneladas esmagadas, contra 37,52 milhões no ano anterior.
Afora isso, a semana registrou novos e importantes recuos nos prêmios portuários. Rio Grande viu seus prêmios positivos caírem para apenas 5 a 10 centavos de dólar por bushel, enquanto nos demais portos brasileiros os mesmos variaram negativamente entre 33 e 40 centavos de dólar. Já no Golfo do México (EUA), o prêmio ficou positivo entre 80 e 90 centavos de dólar, enquanto em Rosário (Argentina) os mesmos oscilaram entre menos 15 e mais 5 centavos de dólar por bushel. Todos para junho deste ano.
Diante deste contexto, e puxados por um câmbio que disparou nesta semana no Brasil (o dólar fechou a semana cotado a R$ 2,11), os preços da soja no mercado interno brasileiro voltaram a se elevar. O balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 57,56/saco, enquanto os lotes ficaram entre R$ 64,00 e R$ 64,50/saco na compra. Nas demais praças nacionais, os lotes oscilaram entre R$ 52,50/saco em Sapezal (MT) e R$ 62,50/saco no norte do Paraná. Já no BMF/Bovespa, o contrato julho/13 atingiu a US$ 31,62/saco, agosto ficou em US$ 31,15 e novembro/13 a US$ 27,70/saco. A diferença entre julho e novembro igualmente confirma que a tendência para o segundo semestre, salvo se o governo perder o controle sobre o câmbio, o que parece muito difícil, é de preços nacionais bem mais baixos, acompanhando Chicago (caso a safra dos EUA se confirme cheia).
Para o mercado futuro, Goiás fechou a semana com preços um pouco mais altos, registrando US$ 22,70/saco para fevereiro/14. Considerando uma estabilização cambial ao redor de R$ 2,00 por dólar, esse preço seria equivalente a R$ 45,40/saco, enquanto o mercado disponível, na atualidade, pratica R$ 57,00/saco na região de Rio Verde, naquele Estado.
Enfim, a título de informação, circulou a notícia, dando como fonte a trading Louis Dreyfus Commodities, de que a demanda pela soja brasileira, por parte da China, nos próximos meses, poderá diminuir em função de uma redução na produção suinícola do país asiático. (cf. Safras & Mercado)
Abaixo seguem os gráficos da variação de preços da soja e seus derivados no período de 03/05 a 30/05/2013.
¹Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
²Professor, Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.