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SOJA – Análise semanal do mercado – 26/Jul/2013

Comentários referentes ao período entre 19/07/2013 a 25/07/2013

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Prof. Ms. Emerson Juliano Lucca²
Guilherme Gadonski de Lima³

As cotações da soja em Chicago, após estabilização, acabaram cedendo fortemente a partir do dia 24/07. Neste dia, inclusive, o primeiro mês fechou com limite de baixa, algo que não era visto há alguns meses. Na oportunidade o bushel ficou em US$ 13,92. O fechamento do dia seguinte foi ainda pior, com a quinta-feira (25) registrando US$ 13,55/bushel, enquanto o mês de novembro/13 ficou em US$ 12,24/bushel. Houve um claro descolamento entre os primeiros meses cotados, que estavam muito altos e fora da realidade para o quadro de oferta futura que se desenha, e os preços dos meses futuros, com os primeiros se aproximando dos demais, num claro ajuste técnico conforme tendência que se desenhava há algum tempo.

Na base deste comportamento de final de julho está a manutenção de um clima bom nos EUA, com chuvas normais e calor adequado. Isso mantém a tendência de uma safra cheia naquele país, com reposição de estoques finais. A colheita estadunidense deve iniciar em fins de setembro, com seu auge ocorrendo em outubro.

Nesse contexto, o USDA divulgou que, até o dia 21/07, as lavouras de soja nos EUA se apresentavam em 64% entre boas a excelentes, 28% regulares e apenas 8% em situação ruim a muito ruim.

O quadro levou o mercado a realizar fortes vendas no físico estadunidense na quarta-feira, derrubando por completo as cotações dos primeiros meses, enquanto a projeção de uma futura safra cheia continua fragilizando os preços futuros. Dito isso, o clima nos EUA continuará sendo o fator preponderante na evolução de curto prazo de Chicago.

Paralelamente, o analista privado Lanworth reduziu em um milhão de toneladas a safra de soja mundial, fixando-a agora em 283 milhões de toneladas. Lembramos que, em seu relatório de julho, o USDA previu uma safra global de 285,9 milhões de toneladas da oleaginosa. Pelo sim ou pelo não, o anúncio privado não influiu no mercado.

Enquanto isso, as exportações líquidas dos EUA, no ano comercial 2012/13, iniciado em 1º de setembro de 2012, somaram 110.600 toneladas na semana encerrada em 11/07.  Para o ano 2013/14, os embarques chegaram a 591.700 toneladas. Já as inspeções de exportação de soja pelos EUA, na semana encerrada em 18/07, ficaram em 77.479 toneladas, ou seja, 22,7% abaixo do volume da semana anterior.

Na Argentina, os produtores locais haviam negociado 52% de sua safra 2012/13, contra 73% em igual período do ano anterior. As vendas em menor ritmo estariam indicando menores exportações de soja por parte do vizinho país, algo que estaria levando o mercado a especular que a pressão de demanda sobre a futura safra dos EUA poderá ser maior do que o esperado. Algo a ser observado mais adiante para vermos se a prática irá confirmar a especulação atual.

Pelo lado da demanda, a China confirmou importações de 6,9 milhões de toneladas de soja em junho. As mesmas foram 23,1% maiores do que os volumes observados no mesmo mês do ano anterior. No acumulado do ano, as importações chinesas ainda estão 5,38% menores do que no mesmo período do ano anterior, ficando em 27,4 milhões de toneladas. (cf. Safras & Mercado)

A semana terminou com os prêmios nos portos brasileiros ainda negativos, salvo em Rio Grande. Neste porto gaúcho o prêmio variou positivamente entre 25 e 40 centavos de dólar por bushel. Nos demais portos nacionais, negativamente entre 12 e 18 centavos de dólar. Já em Rosário (Argentina) o prêmio ficou negativo entre 15 e 30 centavos de dólar no fechamento da semana. Enfim, no Golfo do México (EUA), o prêmio foi positivo entre 60 e 75 centavos de dólar por bushel.

No mercado brasileiro, o cenário pouco mudou. O recuo no preço da soja continuou sendo parcialmente compensado pela manutenção de um câmbio ao redor de R$ 2,24 por dólar. Com isso, durante a entressafra, o preço de balcão gaúcho ficou em R$ 63,62/saco na média semanal, enquanto os lotes fecharam a semana em recuo de três reais por saco, chegando a R$ 66,00 a R$ 66,50. Nas demais praças, os lotes igualmente recuaram um pouco, ficando entre R$ 54,00/saco em Sapezal (MT) e R$ 62,50/saco no norte do Paraná.

Em termos de preços futuros, o Paraná registrou valor de US$ 27,20/saco no porto, para março/14. Ao câmbio de hoje isso representa R$ 60,91/saco contra o valor de R$ 67,00/saco atualmente no disponível no mesmo local. No Rio Grande do Sul, para maio/14, o interior registrou, na compra, R$ 59,50/saco. No Mato Grosso, a região de Rondonópolis acusou valor de R$ 50,00/saco para fevereiro/março de 2014. No Mato Grosso do Sul, a região de Dourados registrou R$ 49,00/saco para fevereiro/14. Enquanto isso, em Goiás a soja futura ficou, na compra, em US$ 22,00/saco (R$ 49,30/saco) igualmente para fevereiro/14. Já na região de Brasília o valor do saco, para abril/14, chegou a R$ 53,00 na compra. Em Minas Gerais, na região do Triângulo Mineiro, o saco de soja, também para abril/14, ficou em R$ 52,00. Enfim, na Bahia, Maranhão, Piauí e Tocantins, para maio/14, o saco de soja, na compra, esteve cotado respectivamente em R$ 55,00; R$ 52,70; R$ 55,50 e R$ 52,00. (cf. Safras & Mercado)

Em nossa avaliação, apesar do recuo em relação há semanas anteriores, tais preços futuros continuam muito atrativos a julgar pela tendência de mercado que se desenha, em caso de safra cheia nos EUA e na América do Sul neste ano de 2013/14.

¹  Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
²  Professor, Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.
³ Estudante do Curso de Economia da UNIJUI – Bolsista PET-Economia.