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TRIGO – Análise semanal do mercado – 02/Ago/2013

Comentários referentes ao período entre 26/07/2013 a 01/08/2013

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

Prof. Ms. Emerson Juliano Lucca²

Guilherme Gadonski de Lima³

As cotações do trigo em Chicago entraram agosto praticamente nos mesmos níveis do final de julho, com o fechamento deste dia 01/08 ficando em US$ 6,58/bushel, contra US$ 6,65 na média de julho e US$ 6,87 na média de junho. Isso confirma que os patamares de preços futuros do trigo devem se manter nestes níveis, contrariamente à soja e ao milho que ainda possuem um bom espaço de queda.

Paralelamente, as vendas líquidas de trigo por parte dos EUA somaram 661.400 toneladas, contra 996.600 toneladas na semana anterior. O principal comprador foi a China, com 177.900 toneladas. Já as inspeções de exportação somaram 690.236 toneladas na semana encerrada em 25/07, atingindo no acumulado do ano, iniciado em 1º de junho o total 5,07 milhões de toneladas contra 4,0 milhões no mesmo período do ano anterior.

Ao mesmo tempo, o USDA divulgou que as condições das lavouras de trigo de primavera nos EUA se encontravam em 68% entre boas a excelentes, até o dia 28/07. Outras 26% estavam regulares e apenas 6% entre ruins e muito ruins. Já a colheita do trigo de inverno atingiu a 81% da área total na mesma data, contra a média histórica de 82%.

No Mercosul, a safra nova de trigo, com entrada a partir do final do ano, chegou a US$ 265,00/tonelada nos portos argentinos. A estes preços o cereal do vizinho país chegaria CIF nos moinhos paulistas, a um câmbio de R$ 2,26, ao redor de R$ 760,00/tonelada. Com isso, a paridade de importação para o trigo do interior do Paraná seria de apenas R$ 652,00/tonelada. Ora, nesse momento, o produto remanescente da última safra está sendo negociado naquele Estado entre R$ 940,00 e R$ 1.000,00 por tonelada. Tais preços subiram fortemente nesta última semana devido às perdas ocorridas na segunda quinzena de julho em função das fortes geadas que se abateram sobre o sul do país. (cf. Safras & Mercado)

Aliás, mesmo sendo cedo (o Deral anuncia para meados de agosto um informativo mais completo sobre as perdas no Paraná), o mercado já avança prejuízos ao redor de 20% na produção esperada. A tendência é de perdas maiores, já que 50% das lavouras de todo o Estado estavam em período delicado de desenvolvimento da planta quando a geada o atingiu. Pelo sim ou pelo não, considerando perdas de 20% sobre uma produção esperada inicialmente em 2,7 milhões de toneladas, o Paraná ficaria com 2,16 milhões de toneladas de produção. Sem falar ainda nas perdas pela queda na qualidade do produto que será colhido. No total brasileiro, no mínimo, pode-se dizer hoje que a safra de trigo deste ano será de 5,0 milhões de toneladas e não mais de 5,6 milhões. Mas esse número final poderá ser ainda bem mais baixo! (um primeiro relatório do Deral, desta semana, dá conta de que o percentual de lavouras em condições ruins no Paraná saltou de 4% para 18% após as geadas, enquanto as lavouras em boas condições caíram de 79% para apenas 47% do total).

Isso deu novo alento aos atuais preços do cereal, assim como permite esperar preços mais firmes na colheita, especialmente para o caso do Rio Grande do Sul se não houver perdas nesse Estado igualmente (uma nova e severa massa de ar polar está sendo prevista para o dia 10/08 no sul do Brasil).

Soma-se a isso o fato de que não há mais estoques públicos disponíveis para venda, já que a Conab leiloou o que possuía.

Assim, além dos preços dos lotes no Paraná terem subido (citados acima) os mesmos também se elevaram no Rio Grande do Sul nesta virada de mês. A tonelada chegou a valores entre R$ 820,00 e R$ 850,00 nesse Estado, enquanto o saco no balcão ficou, na média semanal, em R$ 32,81, com regiões praticando R$ 36,00.

Enfim, as negociações futuras praticamente paralisaram com o mercado esperando uma definição melhor das perdas nas lavouras paranaenses.

¹ Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.

² Professor, Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.

³ Estudante do Curso de Economia da UNIJUI – Bolsista PET-Economia.