As cotações da soja estiveram em terreno mais positivo durante os últimos dias de setembro, porém, terminaram a semana (1º de outubro) novamente em baixa. O fechamento do dia ficou em US$ 8,77/bushel para o primeiro mês cotado, contra US$ 8,68 uma semana antes. Para maio/16 o fechamento desta quinta-feira ficou em US$ 8,88. A média de setembro voltou a recuar, confirmando o quadro baixista em Chicago. A mesma registrou US$ 8,81/bushel para o primeiro mês cotado, contra US$ 9,44 em agosto e US$ 10,13/bushel em julho. Portanto, em termos médios, nos últimos dois meses o bushel perdeu US$ 1,32, ou seja, 13%.
O mercado está sob influência da colheita nos EUA. E nesse contexto a tendência de médio prazo continua baixista. Tanto é verdade que até o dia 27/09 a colheita alcançava 21% da área total, estando bem avançada. A qualidade das lavouras a serem ainda colhidas ficou em 62% entre boas a excelentes, com recuo de um ponto percentual, porém, sem motivar preocupações maiores nesta fase da safra.
Por sua vez, tem surpreendido o mercado a excelente produtividade até aqui obtida, acima do esperado, confirmando que não houve quebras durante o desenvolvimento da planta, como a especulação tentou demonstrar entre junho e agosto. Nesse sentido, o mercado já cogita de que o USDA, em seu próximo relatório de oferta e demanda, previsto para o dia 09/10, aumente a estimativa da safra final nos EUA, podendo a mesma bater o recorde histórico. Sobretudo porque o relatório de estoques trimestrais, divulgado neste dia 30/09, acabou reduzindo o número final da safra 2014 de 108,1 para 107 milhões de toneladas. A área semeada na oportunidade foi reduzida para 33,7 milhões de hectares, a área colhida ficou em 33,4 milhões e a produtividade final baixou para 3.194 quilos/hectare.
Dito isso, no curto prazo houve altas na semana. O elemento central para isso foi a boa demanda em torno da soja estadunidense. As vendas líquidas na semana anterior ficaram em 1,32 milhão de toneladas, dentro do esperado pelo mercado. Outro fator que deu força momentânea ao mercado foi o acordo assinado entre EUA e China para, nos próximos anos, o país asiático importar 13,8 milhões de toneladas de soja. Esse fato tende a ser um complicador para o escoamento futuro das safras brasileira e argentina.
Ajudou, igualmente, as cotações o fato de os estoques trimestrais terem sido um pouco reduzidos, porém, isso já havia sido precificado pelo mercado. Além disso, em comparação ao ano anterior, os mesmos aumentaram. Assim, para a posição 1º de setembro o mercado esperava um volume de 5,6 milhões de toneladas, contra 2,5 milhões em igual momento do ano passado. O relatório indicou 5,2 milhões de toneladas! Ou seja, o mesmo está 108% acima do registrado em 1º de setembro de 2014.
No Brasil, a novidade está na relativa estabilização do Real, após semanas de fortes variações e, particularmente, de contínua depreciação da moeda nacional. Com intervenções do Banco Central, a moeda nacional parece estar se estabilizando, por enquanto, entre R$ 3,95 e R$ 4,00 por dólar. Todavia, ainda há muitos fatores de incerteza que tendem a provocar oscilações até o final do ano.
Essa realidade não impediu que os preços nacionais permanecessem firmes e até mesmo com alguma elevação, já que Chicago ajudou durante a semana. Assim, o balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 74,44/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 81,50 e R$ 82,00/saco no fechamento semanal, indicando redução em relação à média da semana (veja tabela no início deste boletim). Nas demais praças nacionais os lotes giraram entre R$ 69,50/saco no Nortão do Mato Grosso e R$ 80,00/saco no norte do Paraná.
Em termos de preços futuros o quadro se mantém o mesmo dos últimos meses, ou seja, os preços estão excelentes se considerarmos uma futura estabilização cambial em níveis um pouco mais baixos do que os atuais. Desta maneira, o interior gaúcho, para maio, esteve pagando R$ 79,50/saco FOB. Nos portos de Rio Grande e Paranaguá o saco CIF ficou respectivamente em R$ 84,50 (para maio) e R$ 82,00 (para março/abril). No Mato Grosso, a região de Rondonópolis apontou R$ 70,00/saco para fevereiro/março, enquanto Dourados (MS) ficou em R$ 68,00. Em Rio Verde (GO) o valor subiu para R$ 72,00, enquanto na região de Brasília, para abril, registrou R$ 71,50/saco CIF. Em Uberlândia (MG) o valor CIF ficou em R$ 72,00/saco. Enfim, na Bahia, Maranhão, Piauí e Tocantins, para maio/16, os valores respectivos foram de R$ 74,00; R$ 71,00; R$ 72,00 e R$ 70,00/saco. (cf. Safras & Mercado).
Fonte: CEEMA