As cotações do trigo em Chicago oscilaram bastante durante a semana, atingindo um dos mais altos valores dos últimos meses no dia 09/06, véspera do relatório de oferta e demanda do USDA, com US$ 5,32/bushel. Após o relatório, os preços recuaram com o fechamento desta quinta-feira (11) se estabelecendo em US$ 5,04/bushel.
O relatório do USDA surpreendeu ao aumentar a produção e os estoques finais dos EUA, mesmo diante dos problemas climáticos que determinadas regiões produtoras do país vêm enfrentando. Assim, a produção final estadunidense, para 2015/16, ficou em 57,7 milhões de toneladas, ou seja, quase um milhão acima do projetado em maio. Já os estoques finais subiram para 22,2 milhões de toneladas, após 21,6 milhões em maio. Nessas condições, o patamar médio de preços aos produtores estadunidenses, nesse novo ano comercial, baixou para valores entre US$ 4,40 e US$ 5,40/bushel, contra a média de US$ 6,00 em 2014/15 e de US$ 6,87/bushel em 2013/14.
Em termos mundiais, o relatório apontou um aumento da safra global para 721,6 milhões de toneladas, ou seja, cerca de três milhões acima do indicado em maio. Todavia, os estoques finais mundiais recuam para 202,4 milhões de toneladas, ou seja, cerca de um milhão de toneladas a menos do que o indicado em maio. A produção da Argentina foi reduzida para 11,5 milhões de toneladas, enquanto a brasileira ficaria em 6,5 milhões, o que nos parece superestimada diante da forte projeção de redução de área no Rio Grande do Sul.
Nesse contexto, o clima continua pesando sobre as cotações, pois existe a possibilidade de perda de qualidade nas lavouras estadunidenses.
Na Argentina, a área semeada com trigo nesta safra de 2015 deverá atingir 4,1 milhões de hectares, com o plantio chegando a 10% no início de junho. Em clima normal, com essa área, a produção argentina poderá alcançar entre 11,5 e 12,5 milhões de toneladas.
Nos portos de embarque da Argentina, a tonelada FOB se manteve entre US$ 195,00 e US$ 235,00, enquanto no Uruguai e no Paraguai os valores ficaram entre US$ 190 e US$ 205,00 no primeiro caso e entre US$ 190,00 e US$ 200,00/tonelada no segundo caso.
Aqui no Brasil, os preços estacionaram, com o balcão gaúcho fechando a semana em R$ 29,68/saco, enquanto os lotes ficaram em R$ 580,00/tonelada ou R$ 34,80/saco para o produto de qualidade superior. No Paraná, os lotes se mantiveram entre R$ 650,00 e R$ 700,00/tonelada, ou seja, entre R$ 39,00 e R$ 42,00/saco.
A tendência no mercado brasileiro do trigo, em o câmbio se mantendo acima de R$ 3,00/dólar, é a competitividade de o trigo nacional aumentar no exterior, propiciando preços um pouco melhores. Todavia, quando o real se valoriza, o trigo importado se torna mais competitivo. É o que tem ocorrido com o produto procedente do Paraguai e que entra pelo oeste do Paraná. Todavia, por enquanto, os volumes procedentes do país vizinho são baixos. Em relação ao CIF São Paulo, o cereal paraguaio está ao redor de 1% abaixo do praticado no mercado interno neste momento. (cf. Safras & Mercado)
Por outro lado, existe uma baixa demanda interna pelo produto nacional, pois os moinhos continuam abastecidos, esperando a nova safra para retornarem às compras. Esta nova safra entra no mercado a contar de setembro, via o Paraná. Já o Rio Grande do Sul coloca o seu produto no mercado a partir de novembro.
Enfim, no Paraná o plantio, nesta segunda semana de junho chegava a 77% da área esperada, que é de 1,32 milhão de hectares (5% menos do que o ano anterior). 97% das lavouras se encontram em boas condições. O Estado paranaense espera colher, em clima normal, cerca de 4 milhões de toneladas. No Rio Grande do Sul o plantio avança mais lentamente e se mantém a tendência de uma queda ao redor de 20% na área semeada.
Fonte: CEEMA